Segundo dados da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), o agronegócio foi responsável por 23% do PIB brasileiro, correspondendo a 724 bilhões de reais, em 2010. Sendo que a região Centro-Oeste contribui com 33% desse total. Esses dados revelam a importância da região, tanto no cenário nacional quanto no contexto mundial que demandará por aumento da produção de alimentos, fibras e energia. Atualmente, o Centro-Oeste pode ser considerado uma das áreas nacionais com maior potencial de crescimento agrícola, demandando planejamento e organização das cadeias produtivas.
Com o objetivo de debater novos modelos para o desenvolvimento do agronegócio na Região Centro-Oeste e compreender as perspectivas para o setor, traçando um cenário para as próximas duas décadas, foi realizado nos dias 11 e 12 de agosto, a IV Bienal dos Negócios da Agricultura do Brasil Central, em Goiânia (GO). O Chefe Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Agropecuária Oeste, Guilherme Asmus, participou do evento realizado pelas Federações de Agricultura dos três estados e do Distrito Federal (Famato, Famasul, Faeg e Fape-DF). O evento reuniu cerca de 1.500 produtores rurais e dirigentes de sindicatos rurais, além de autoridades políticas do cenário nacional e dos estados do MT, MS, GO e DF. A Diretora Executiva da Embrapa, Vânia Beatriz Castiglione, também esteve presente no evento.
Os participantes puderam assistir palestras nacionais e internacionais, dentre as quais se destaca a de Peter Goldsmit, da Universidade de Illinois, dos EUA, sobre o cenário macroeconômico e a demanda mundial por alimentos e biocombustível. Ele utilizou um estudo da relação aumento do consumo de frango no mundo x demanda por milho e soja, como um modelo para estabelecer o cenário para os próximos anos e destacou a relevância da necessidade de se produzir cada vez mais com menos, reforçando a relevância dos investimentos em pesquisa e tecnologia.
A escassez de áreas agrícolas nobres que já foram ou estão sendo exploradas para justificar a necessidade de investimentos em tecnologia, alertas para a necessidade de desenvolvimento e uso de sistemas de produção mais diversificados (complexos) como forma de tornar a atividade mais sustentável, necessidade do produtor ser mais eficiente na compra dos insumos e venda da produção, dilema enfrentado por alguns empreendimentos agrícolas relacionados a continuidade de atuação exclusiva na cadeia produtiva que possuí domínio ou a expansão para outros setores, possibilidade de conservação e recuperação de recursos naturais através do mercado de serviços ambientais, foram alguns temas abordados no evento.
As perspectivas para o Brasil Central – Cenário 2020 foi o tema da palestra de Paulo Rabello de Castro (RC Consultores), em que foi avaliado o cenário para o setor tendo como base a demanda, a infraestrutura e as relações institucionais. “O PIB agrícola deve saltar de R$ 365 bilhões para R$ 730 bilhões até 2020. Para isso, há necessidade de investimentos da ordem de R$ 280 bilhões, em prol da solução dos enormes gargalos relacionados à infraestrutura, em prol da logística do agronegócio”, destacou Paulo.
Guilherme acredita que o evento da forma como foi conduzido, em que os cenários futuros foram analisados com foco para a região Centro-Oeste, foi muito positivo, pois contribui com um alinhamento das diretrizes do segmento agrícola. “A Embrapa como parte desse processo está atenta a essas necessidades e oportunidades e deseja contribuir e participar de iniciativas como essa, especialmente porque ficou evidente a relevância das bases tecnológicas para que o atendimento das futuras demandas seja viabilizadas”, disse.
Christiane Congro Comas, Jornalista, Mtb-SC 00825/9, Embrapa Agropecuária Oeste
FONTE: Embrapa Agropecuária Oeste