PLANTIO DIRETO AUMENTA A PRODUTIVIDADE


Kamila Pitombeira
18/08/2011
 
       Práticas que diminuem os impactos ambientais têm sido adotadas por grande parte dos produtores rurais. Entre elas, está o plantio direto que, além de diminuir a emissão de gases estufa, promove uma melhor produtividade e diminui o custo de produção. Nós vamos falar sobre a produção de sementes em sistema agrícola de baixo carbono, um dos temas do Congresso Brasileiro de Sementes, realizado no Centro de Convenções de Natal, no Rio Grande do Norte, entre os dias 15 e 18 de agosto. Segundo Júlio Franchini, pesquisador na área de manejo do solo e da cultura da Embrapa Soja, esse sistema que visa à redução da emissão de gases estufa, além de proporcionar alta produtividade, tem beneficia o meio ambiente.
       — Hoje, dados mostram uma contribuição da agropecuária na ordem de 19%, ou seja, 1/5 dessas emissões está relacionado às atividades agrícolas. No entanto, dentro dessas atividades, observa-se que a maior parte dessas emissões está relacionada à emissão de metano e óxido nitroso. O primeiro está diretamente relacionado à pecuária — afirma o pesquisador.
       Entre as práticas que contribuem para a redução da emissão desses gases, está o plantio direto, que no caso do Congresso de Sementes, é o sistema mais utilizado no Brasil para a produção de grãos, como soja, milho, trigo, feijão e arroz, de acordo com Franchini, principalmente porque ele não demanda preparo de solo, o que faz com que se reduzam bastante as emissões.
       — Com isso, existem outras soluções indiretas, como a redução do consumo de óleo diesel. Isso porque existem estudos que mostram que, para fazer o preparo do solo, se reduz o consumo em torno de 25l de óleo diesel por hectare quando a operação de gradagem do solo, por exemplo, não é feita — conta.
         Para o pesquisador, a produção de sementes é diferenciada. Ele diz que o produtor tem um rendimento final em torno de 60% da produção que se transforma em semente. Isso faz com que haja mais investimento na área e um maior cuidado com o sistema de produção. Dessa forma, devido à semente ser um produto com maior valor agregado, isso permite que o produtor tenha mais capacidade de investimento na propriedade, permitindo que ele possa investir em um sistema de produção mais sustentável.
       — Ele poderá fazer um sistema de rotação de culturas, se preocupar em produzir mais resíduos vegetais e ter mais cobertura no solo. Isso faz com que ele aumente o rendimento do seu principal produto, ou seja, a semente. Hoje, existe uma estimativa de que usamos cerca de 80% do sistema de plantio direto nas áreas de produção. No entanto, é necessário melhorar a qualidade desse plantio — explica Franchini.
Ainda segundo ele, uma das principais características do plantio direto é conseguir aumentar o teor de matéria orgânica no solo e isso é importante porque a matéria orgânica traz benefícios para a fertilidade, a parte orgânica e as características físicas do solo.
       — Temos ensaios em nossa fazenda experimental, em Londrina, que se aplicam mais à Região Centro-Sul do Brasil. Nas condições dessa região, temos observado que o plantio direto contribui para um sequestro de carbono de, em média, 500 kg por hectare ao ano. Já o fato de aumentar a matéria orgânica no solo pode causar em torno de 30% de aumento na produtividade — afirma.
       De acordo com ele, o que determina a variação na produtividade é a disponibilidade de água. As diferenças no rendimento de produção aparecem em caso de deficiência hídrica, bastante comum no Brasil. Portanto, o plantio direto permite que a planta tolere melhor esses períodos de deficiência hídrica.
       — Já o custo de produção desse tipo de plantio é menor. Isso porque todas as outras operações são iguais nos dois sistemas. A grande diferença está na fase de plantio. Nessa fase, como o preparo de solo não é feito, reduz-se o custo relacionado a esse preparo — garante.


FONTE: Portal Dia de Campo
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