Mais de 86%
das áreas naturais de planícies do Pantanal estão conservadas. Apesar do alto
índice de preservação, as ameaças ambientais que rondam a porção brasileira da
Bacia do Alto Paraguai não cessaram.
O alerta é de
um grupo de organizações não governamentais que atuam na região. De acordo com
elas, a preocupação é com os níveis de conservação na parte alta da região. Nas
áreas de planalto, onde está a maior parte das nascentes que abastecem o
Pantanal, apenas 40,7% da vegetação natural foram mantidos.
A segunda
edição do estudo Monitoramento das Alterações da Cobertura Vegetal e Uso do
Solo na Bacia do Alto Paraguai (BAP), divulgado terça, dia 20, em Campo Grande (MS),
destaca que a expansão das atividades agropecuárias e de obras de
infraestrutura na região precisam ser monitoradas.
– Enquanto a
parte baixa ainda está bastante preservada, a parte alta do Pantanal apresenta
uma devastação grande. Esta relação é importante porque tudo o que acontece na
parte alta vai ter impacto na planície – disse Michael Becker, superintendente
de conservação do WWF-Brasil.
O levantamento
aponta que, entre os anos 2008 e 2010, cerca de 0,8% da vegetação nativa nas
áreas de planície foi ocupada por atividades humanas. No planalto, a ocupação
ocorreu em 1,56% da área. Na primeira avaliação sobre a região, os
pesquisadores apontaram que, entre 2002 e 2008, o planalto perdeu 4% da
vegetação natural e as áreas nativas de planície foram reduzidas em 2,4%.
– Os dados não
apresentam variações grandes, mas estamos falando de uma área de planalto que
foi convertida em pastagem de 140 mil hectares, ou seja, 140 mil campos de
futebol. Não é a intenção deste estudo atacar o setor produtivo, mas temos que
ter uma atenção especial – disse.
Becker ainda
destacou que obras como barragens na região, que é caracterizada pelas
inundações constantes, podem significar assoreamento de rios e redução no
volume de pescados. Para o pesquisador, os dados devem ser considerados na
definição e aplicação de políticas locais. O estudo destaca, por exemplo, que a
legislação ambiental deve ser cumprida e adaptada ao Pantanal.
– O Pantanal
tem características específicas de pastagens naturais e obedece um ritmo de
inundações que é uma das características peculiares da região. Temos que ter
outras regras diferentes das aplicadas aos outros rios do país – defendeu
Becker.
O
monitoramento da Bacia do Alto Paraguai tem sido feito a cada dois anos pelas
organizações não governamentais. As análises são feitas apenas na parte
brasileira da bacia, que representa 60% da área transfronteiriça. Com área de
quase 620 mil quilômetros quadrados, a bacia ainda ocupa parte da Bolívia e do
Paraguai.
FONTE: Agência Brasil