A equipe do
projeto Soja Brasil encontra em
Mato Grosso índios que plantam soja em escala comercial
dentro das aldeias. É uma história de parceira com produtores rurais que vem
dando certo há quase uma década.
Seguindo pela
MT235, na região oeste de Mato Grosso, entre os municípios de Sapezal e Campo
Novo do Parecis, logo se vê que não se trata de um lugar comum. A rodovia tem
nome de índio, homenagem ao cacique geral da etnia pareci, e atravessa uma das
maiores reservas indígenas do Brasil. Mas não é só o asfalto que chama a
atenção, aqui também tem plantação de soja.
A fazenda
Manacata é chamada assim por ser esse o nome indígena da árvore que se destaca
na propriedade. Quando a área foi aberta era a mais alta. Foi preservada e se
destaca no meio do Cerrado.
Do 1,7 milhão
de hectares da reserva, 17 mil foram abertos para lavoura, mas não em área
contínua. A maior plantação tem dois mil hectares.
O coordenador
do projeto agrícola, Arnaldo Zunizakae, foi um dos idealizadores do projeto que
vem mudando a vida de 2,5 mil índios das tribos pareci, nhambiquara e irantxe:
o plantio de soja em larga escala. Como não possuíam dinheiro nem conhecimento,
fizeram uma parceria. Os produtores rurais entram com as máquinas, sementes e
insumos e os índios com a terra e mão de obra. Pelo contrato original, o lucro
é dividido em partes iguais. O negócio sofreu alguns ajustes e vem dando certo
ao longo dos anos.
Não foram só
ganhos materiais. A parceria permite aos índios aprender a lidar com a terra de
maneira mais produtiva e ainda a oportunidade de sustentar as famílias sem sair
das aldeias.
Rafael
Noizokae é um exemplo disso. Antes do projeto, morava longe da família. Agora
tem renda garantida. Ele fez curso de operador de máquinas no Senar e trabalho
não falta. Na fazenda, é ele quem domina a maior plantadeira.
Trabalhar com
os índios soou um pouco estranho para o gerente Gilmar da Rocha Mendes. Mas foi
só no começo, agora ele não sente diferença.
O ritmo do
trabalho atesta o que diz o gerente. As plantadeiras vêm de todos os lados em
um sistema dos mais tecnificados. No local, são 2,7 mil hectares de plantio
cruzado.
O projeto
agrícola de parceria entre índios e produtores rurais já dura nove anos, mas
esta safra é a última permitida pela Funai. Para o ano que vem, ainda há muitas
dúvidas. Os líderes indígenas querem manter o projeto e preparam uma nova
proposta para que a agricultura das aldeias continue.
A reunião para
apresentar a proposta está marcada para a próxima segunda, dia 5, na Funai de
Cuiabá. Tanto os índios quanto os agricultores estão otimistas. Se depender
deles a parceira ainda tem um caminho aberto pela frente.
FONTE: Canal Rural