SEM CHUVAS E COM ADUBOS EM ATRASO, PRODUTOR ARRISCA PLANTIO


A supersafra de soja prevista para 2012/2013 (82 milhões de toneladas, segundo a CNA) está às voltas com o clima. No principal estado produtor, o Mato Grosso, chuvas esparsas e localizadas fazem com que o avanço do plantio seja arriscado. E, por má logística, a entrega de adubos continua atrasada.
50% do plantio previsto para a safra estadual já foram realizados, garantiu ao DCI o Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (Imea). O avanço, ante 33% na última semana, se deve a uma corrida do sojicultor para aproveitar o melhor período.
“Já está ficando tarde. Tem que ir na base do otimismo”, observa o analista Tiago Assis, do Imea. O otimismo ocorre em relação à possibilidade de chuvas – irregulares e localizadas, ultimamente, no Mato Grosso.
O produtor José Almiro Müller dá um retrato da situação: na metade do mês (dias 17, 18 e 19), ele semeou quase 10% de uma área de cerca de 1.500 hectares em Nova Xavantina (MT). “Tava bom de plantar, mas a previsão de chuva não se confirmou. Quem plantou está arrependido”, afirma.
“A situação é generalizada.” O sojicultor suspendeu a semeadura, e se diz preocupado com potenciais perdas na lavoura plantada (130 hectares).
O “agrometeorologista” Marco Antônio dos Santos, do instituto Somar, pondera, mas reconhece: “Não parou de chover, vêm ocorrendo chuvas pontuais. Fica uma semana sem chover, e volta.”
Nos últimos trinta dias, choveu 150 milímetros em Nova Xavantina, um nível alto de precipitações, segundo Santos. As chuvas, porém, se concentraram nos vinte primeiros dias, deixando regiões inteiras sem nada nos últimos dez, ainda de acordo com o meteorologista.
“O clima, agora, não está favorável no centro-oeste. Não há regularidade, o que é indesejável”, afirma Santos. “Mas, no próximo fim de semana, surgem condições melhores.” Entretanto, “não vai ser uma safra redonda. Ponto”.

Adubos e a falta de caminhões

O sojicultor de Nova Xavantina encomendou fertilizantes em maio, com entrega prevista para junho ou julho, mas ainda não os recebeu completamente. Somente 50% chegaram, até agora.
“Tá chegando pingado. Estamos vivendo um colapso na área de transportes que culminará na próxima colheita”, prevê. Segundo ele, os produtores mato-grossenses, à sombra da insuficiência de armazéns disponíveis, costumam apelar para a estocagem de grãos em caminhões.
O custo do frete subiu extraordinariamente, pelo menos em Nova Xavantina, entre a última colheita e a atual. De R$ 160 para R$ 300 por tonelada, com destino ao Porto de Paranaguá (PR), de acordo com Müller.

Venda de fertilizantes

No acumulado de janeiro a setembro deste ano, a venda de fertilizantes no Brasil foi de 21,2 milhões de toneladas. O número representa aumento de 4,1% em relação ao mesmo período de 2011, de acordo com dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Andef).
Mato Grosso foi o estado que concentrou a maior entrega de fertilizantes, atingindo 4 milhões de toneladas. São Paulo ficou em segundo, com 2,8 milhões de toneladas e Rio Grande do Sul, com 2,4 milhões de toneladas. A expectativa do setor é fechar o ano com o comércio de 29,5 milhões de toneladas entregues ao consumidor final.
A estimativa do mercado de defensivos é de que a venda tenha chegado a R$ 5 bilhões no primeiro semestre deste ano. Ou seja, o setor cresceu 45% em relação aos primeiros seis meses de 2011.


FONTE: DCI

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