Chegou ao fim,
na tarde de segunda-feira (29) a mais longa greve dos trabalhadores na fábrica
Fertilizantes Heringer, em
Viana. Os 170 trabalhadores da produção permaneceram por 13
dias de greve na portaria da empresa – desde o dia 17 de outubro. A pauta de
reinvindicações foi discutida na audiência realizada dia 26, no Tribunal
Regional do Trabalho (TRT-ES), em Vitória.
A greve dos
trabalhadores da Heringer deu um enorme prejuízo aos cofres da empresa. Além de
perder clientes e contratos no mercado interno, pois não cumpriu prazos em
plena safra que vai de setembro a novembro, a produção ficou paralisada em
todos os cinco maquinários que misturam e ensacam os produtos químicos como
adubos e fertilizantes na fábrica de Viana.
Por dia, 1,5
tonelada de produtos deixaram de ser fabricados. Cerca de 100 caminhões também
deixaram de ser descarregados e carregados diariamente. Um trabalhador informou
que se somarem os 13 dias da paralisação, o prejuízo só com o carregamento dos
caminhões ultrapassa R$ 6,5 millhões.
A categoria
volta ao trabalho com uma antecipação de 12% de reajuste para a faixa salarial
de até R$ 1.059,46 (atingindo 70% dos operários da produção) e de 8% para os
demais salários do setor fabril. A cesta básica que hoje é de R$130,00,
receberá um reajuste de 15% passando para R$ 150. Conquistaram 30 dias de
estabilidade para todos que estiveram no movimento de paralisação e, após esse
período, a empresa não poderá dispensará por “justa causa”. Pelos dias parados,
a Heringer abonou seis e os empregados vão pagar cinco dias, que deverão ser
compensados nos feriados 2, 3 e 15/11, 8 e 15/12.
Os
trabalhadores administrativos receberão o reajuste a ser negociado na Convenção
Coletiva de Trabalho, cujo início está marcado para o dia 8/11. Caso o índice
de reajuste da Convenção Coletiva das empresas químicas seja menor, nada será
descontado dessa antecipação aos operários . Por outro lado, se o reajuste for
maior, será repassado pela empresa.
Na manhã de
segunda, o Sinticel realizou uma assembleia com os trabalhadores e havia muitas
dúvidas sobre a proposta negociada na sexta-feira (26) no TRT-ES. Após uma
manhã de reuniões com o advogado dos trabalhadores e os gerentes da fábrica de
adubos, mas a decisão veio de São Paulo – onde está a gerência de Recursos
Humanos – que acatou as solicitações da categoria.
Histórico
A greve na
Fertilizantes Heringer teve início porque a pauta de reivindicações dos
trabalhadores foi enviada no dia 10 de outubro, mas na tarde daquele mesmo dia
, a Heringer se negou a discutir com o Sinticel para analisar as reivindicações
da categoria. A empresa alegou que o Sindiquim (sindicato patronal) era o seu
representante e por isso não faria uma negociação em separado. O Sinticel
vinha tentando há três anos seguidos firmar um acordo coletivo com a Heringer,
uma vez que a Convenção Coletiva negociada com o Sindiquim reúne garantias
mínimas, incompatíveis com o porte de grandes empresas como a Heringer (3ª
maior do país em produção de fertilizantes) e Evonik, que também segue as cláusulas
da CCT.
Nesse período
de paralisação, o departamento jurídico do Sinticel formalizou denúncia ao
Ministério Público do Trabalho e também à SRTE- ES.
Segundo o
Sinticel, a empresa opera em três turnos de revezamento, sendo em cada um com
cinco equipes formadas por 15 trabalhadores – um lider, um operador de pá
carregaddeira, um sinaleiro, um moegueiro, um dosador, um na limpeza, um para
jogar um mic total, quatro carregadores de sacos (50 kg ), além de dois
balanceiros e dos biqueiros. Eles fabricam em torno de 300 t/dia de adubos. No
maquinário 4, o maior de todos, a equipe tem 22 pessoas.
FONTE: ESHoje