Alexandre
Roese*
A partir da
safra 2012/2013, o período de vazio sanitário inicia e termina 15 dias antes do
que costumávamos observar em
Mato Grosso do Sul, devido a publicação da Lei Estadual Nº
4.218/2012. Essa antecipação traz alguma consequência para o controle da ferrugem?
Vejamos quais as possíveis implicações dessa mudança.
Como o início
do vazio sanitário, que antes era dia primeiro de julho, passou para 15 de
junho, o controle das plantas voluntárias de soja deverá ser realizado, no
mínimo, 15 dias antes. Assim, antecipar o vazio sanitário significa retirar o
inóculo (fonte de doença) das lavouras mais cedo. Isso contribui para o manejo da ferrugem.
No entanto,
como o vazio sanitário também termina mais cedo (15 de setembro) e a semeadura
da soja passa a ser permitida a partir dessa data, aumentam-se as chances de
que a ferrugem chegue mais cedo na região. Para quem semeou a soja cedo, não há
problema nenhum. Pelo contrário, facilita o manejo da doença. Mas essa condição
pode aumentar a dificuldade de manejar a ferrugem nas lavouras semeadas mais
tarde, pois maior quantidade de inóculo da ferrugem terá sido produzida, já que
a soja foi semeada mais cedo nas lavouras próximas.Ou seja, é bom por um lado,
mas pode dificultar por outro. O que importa é estar atento e realizar um
adequado monitoramento da lavoura.
Esse é o principal
motivo que nos leva a escrever este artigo: o produtor de soja deve monitorar a
sua lavoura, procurando pela ferrugem, já a partir da fase vegetativa. Atenção:
não é possível prever, estabelecer ou dizer, com antecedência, que se fará uma
aplicação de fungicida preventiva em R1 ou R2, por exemplo. E se a ferrugem
chegar antes disso na lavoura? As chances de que isso aconteça nas lavouras
tardias são maiores agora, com a antecipação do vazio sanitário. Não podemos
confundir “alhos com bugalhos”. Controle preventivo é uma coisa, controle por
calendário é outra.
O produtor que
estabelecer previamente que fará a primeira aplicação de fungicida no
florescimento (ou no fechamento das ruas, ou em outro momento) e não monitorar
sua lavoura para ver se a ferrugem chegou lá antes dele, precisa assumir que
fez aplicação calendarizada (confiou na sorte, na experiência, em alguém,
etc.), e não preventiva. Prevenção exige monitoramento. A sugestão é que se
estabeleça um limite e se monitore antes. Por exemplo: que a primeira aplicação
seja, no máximo, no florescimento pleno, mas com monitoramentoconstante antes
disso, e se a ferrugem for constatada durante o monitoramento, antecipa-se a
aplicação.
* Analista da Embrapa Agropecuária Oeste - Engenheiro
Agrônomo, Fitopatologista
FONTE: Rural BR Agricultura