Daniela
Azeredo
Santa
Maria-RS
O incêndio na
boate Kiss, em Santa Maria
(RS), na madrugada de domingo, dia 27, chocou o país e, inclusive, o meio
rural. Mais de cem jovens que morreram na tragédia eram estudantes da
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Grande parte destes alunos estavam
diretamente ligados ao campo, em graduações como agronomia, zootecnia e
medicina veterinária.
Segundo nota a
Defesa Civil, 231 pessoas morreram na tragédia, considerada a maior do gênero
dos últimos 50 anos no país. Nesta segunda, dia 28, o campus de Ciências Rurais
da UFSM estava vazio. A instituição suspendeu as aulas até a sexta, dia 1º.
– O Centro de
Ciências Rurais está muito triste e comovido pela perda de mais de 59, 60
alunos que faziam parte da nossa comunidade. Os alunos que vêm para o Centro de
Ciências Rurais estão acolhidos como nossos filhos. Não tem uma explicação, uma
justificativa, a gente fica comovido – lamenta o vice-diretor do Centro de
Ciências Rurais, Irineo Zanella.
– Essa dor que
todos nós estamos sentindo, especialmente dos cursos da área rural, que tinham
maior número, é muito difícil. A situação comove muito e não temos como
expressar em palavras o que estamos sentindo – pontua o diretor do Hospital
Veterinário da UFSM, Sérgio Segala.
Fabiano Vaz,
professor dos cursos de agronomia, medicina veterinária e zootecnia perdeu
vários alunos.
– Foram
pessoas tão conhecidas, que a gente desenvolveu uma relação próxima, de sala de
aula ou por convivência de corredores. É lamentável – diz.
A cena do
velório coletivo no ginásio desportivo municipal correu o mundo e, certamente,
não vai mais vai sair da memória dos brasileiros.
– Na verdade,
eu perdi vários alunos aqui. Confirmados são dois, mas têm os amigos de alunos
também, então estamos aqui solidários a esse sofrimento. É um sentimento que
não temos como explicar – afirma a professora Renata Valeska.
No local da
tragédia, pertences das vítimas ficaram pelo chão. A cena dos amigos e
conhecidos morrendo na tentativa de se salvar não sai da cabeça de Letícia
Zuliani. Mesmo com a costela quebrada, a sobrevivente compareceu ao velório dos
sete amigos que perdeu no incêndio
– Estávamos
comemorando. Muitos amigos eu perdi lá dentro.
O fatídico dia
também não será esquecido por Jaime Lima, tio de uma vítima:
–
Na ânsia de tentar se salvar e salvar outras pessoas, ele acabou falecendo. É
uma dor muito grande, só o tempo vai remediar essa situação.
FONTE: Canal Rural