Maristela
Garmes, Unesp
Os estoques
mundiais das principais commodities, incluindo a soja, estão em níveis
críticos, desencadeando uma forte elevação de preços ao longo dos últimos 12
meses. Assim, no cenário mundial, a produção agrícola enfrenta o desafio de
aumentar a produção atual de alimentos em 60% até o ano de 2030 e 100% até
2050.
Para enfrentar
esses desafios e aproveitar a oportunidade de crescer e se fortalecer, o Brasil
precisará incorporar rapidamente amplo conjunto de novas tecnologias nos
sistemas de produção agrícola e pecuária, como a mudança no sistema de produção
da cultura.
Com foco nesta
questão, Regiane Cristina Oliveira de Freitas Bueno, professora da Faculdade de
Ciências Agronômicas da Unesp, Câmpus de Botucatu, e um grupo de pesquisadores
da instituição trabalham em um projeto que avalia o impacto de novos métodos de
plantio de soja no sistema de produção da cultura com o objetivo de verificar
os efeitos que podem afetar a produtividade, como a flutuação populacional de
pragas e inimigos naturais; a tecnologia de aplicação e os dados fitotécnicos.
A pesquisadora
explica que na cultura da soja convencionalmente se utiliza a semeadura entre
linhas da cultura a aproximadamente 40 cm , podendo atingir em média 300 a 320 mil plantas por
hectare. Segundo ela, porém, com a necessidade de otimizar a utilização da área
agricultável no Brasil, há uma tendência de aumentar o número de plantas por
unidade de área em novos arranjos de plantios.
"Para
tanto, a adoção de novos sistemas de produção com maior número de plantas
adicionará maior nível tecnológico, visando maximizar a utilização da área
plantada. A intenção é conseguir produzir mais na mesma unidade de área
plantada, sem ter que aumentar as divisas agrícolas do país", explica
Regiane.
Ressaltando
que a ideia do projeto é inovadora, a pesquisadora observa que produtores já estão
conduzindo o plantio em sistemas com maior número de plantas, mas sem
conhecimento do potencial e das limitações do sistema. Esses produtores,
segundo ela, estão sujeitos a um grande revés em função da falta de
conhecimento científico que a pesquisa oferece.
A pesquisa vem
avaliando os novos arranjos de plantio de cultura: adensamento; plantio em
sistema cruzado; plantio em fileira dupla, sempre comparado ao sistema
convencional.
Os estudos
estão em fase inicial, uma vez que o primeiro plantio foi realizado no mês de
novembro, e a previsão é que ao final desta safra (que deve ocorrer entre o mês
de março ou abril) os pesquisadores já tenham dados consistentes.
Um estudo mais amplo
"Temos a
intenção de avaliar o maior número de informações possíveis", diz a
professora Regiane, apresentando a ideia de a pesquisa ter um caráter
multidisciplinar. Em termos científicos serão avaliados semanalmente, na fase
vegetativa e reprodutiva, a população de insetos-praga, o impacto na tecnologia
de aplicação, o impacto da ecofisiologia das plantas, dados fitotécnicos e a
colheita da soja para avaliação da produtividade de grãos.
"A
multidisciplinaridade com certeza oferece uma característica única a pesquisa,
pois teremos respostas integradas que favoreceram o produtor de forma
prática", diz a pesquisadora. A equipe do projeto é composta atualmente
por outros três docentes da Unesp, Câmpus de Botucatu, que atuam nas áreas de
tecnologia de aplicação agrícola (Carlos Gilberto Raetano); Ecofisiologia
(Marcelo de Almeida Silva) e máquinas, motores e equipamentos agrícolas (Paulo
Roberto Arbex Silva).
A professora
dá um recado aos produtores: "Tenho uma visão otimista. Acredito que os
resultados poderão auxiliar a maximizar a produção agrícola, utilizando como
modelo a cultura da soja. Teremos conhecimento do potencial de plantio e quais
podem ser os fatores limitantes.Posteriormente, poderemos ampliar a pesquisa
para outras culturas de importância, principalmente àquelas que entram na
sucessão do plantio das culturas de safra", finaliza.
FONTE: Portal Dia de Campo