Equipes de
técnicos e especialistas começam a ser deslocadas este ano para a Amazônia,
onde terão que mapear as florestas da região em detalhes. Atualmente ,
apesar de o Brasil ser coberto por 60% de florestas nativas, os dados sobre
estas áreas limitam-se a imagens da cobertura vegetal, por satélites, por
exemplo. O objetivo do governo é detalhar aspectos como a qualidade dos solos,
as espécies existentes em cada área e o potencial de captura e emissão de gás
carbônico pelas florestas.
Os
investimentos para o levantamento somam, pelo menos, R$ 65 milhões. Os recursos
do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foram
contratados nessa quinta, dia 24, pelo Ministério do Meio Ambiente. A proposta
é que as equipes coletem em campo as informações sobre as áreas e analisem todo
o material que vai compor o Inventário Florestal Nacional (IFN), que começou a
ser construído em 2010.
– Em debates
internacionais sobre mudanças de clima, por exemplo, saberemos que florestas são estas que temos, qual a
qualidade de nossas florestas, teremos descoberta de espécies, conhecimento
sobre espécies em extinção, além das informações sobre a distribuição desses
territórios e do potencial de uso econômico das florestas – explicou a ministra
do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
O inventário
também reunirá informações sobre florestas situadas em outros biomas, como o
Cerrado e a Caatinga. Desde que o projeto foi aprovado, o governo mapeou
florestas em Santa
Catarina e no Distrito Federal, em uma fase experimental.
Para o levantamento no Cerrado, o Banco Interamericano de Desenvolvimento
disponibilizou US$ 10 milhões e, em Santa Catarina , os técnicos descobriram florestas
que estão sendo regeneradas naturalmente, sem que os especialistas soubessem
que o processo estava ocorrendo.
Ao todo serão
mapeados quase 22 mil pontos em todo o território nacional. Em toda Amazônia ,
haverá em torno de sete mil pontos. Apenas no Arco do Desmatamento, formado por
Rondônia, centro e norte de Mato Grosso e leste do Pará e onde será iniciado o
levantamento da região, serão levantadas informações de cerca de três mil
pontos amostrais, distantes 20 quilômetros um do outro.
As informações
detalhadas sobre as florestas brasileiras também devem balizar as políticas do
governo para conservação da biodiversidade no território nacional e as novas
concessões florestais.
– O Brasil só
fez um levantamento como este uma vez, que foi publicado nos anos 1980, com
dados dos anos 1970 e não foi um levantamento nacional. Este é o primeiro
'censo' florestal e será o trabalho de maior envergadura de todo o planeta –
disse Izabella Teixeira.
– Normalmente
vemos as florestas do ponto de vista de perda [desmatamento e queimadas]. Com o
inventário vamos conhecer a floresta por dentro. Vamos obter vários resultados.
A ideia é que, de cinco em cinco anos, façamos novas medições – acrescentou
Antônio Carlos Hummel, diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), que
está conduzindo o levantamento.
Além de dados
sobre espécies arbóreas e sobre o solo, Hummel destacou que a população que
vive no entorno das florestas também será questionada. Segundo ele, serão
aplicados quatro diferentes questionários para saber como estas comunidades
convivem nestes territórios.
Os dados serão
divulgados parcialmente todos os anos, mas a conclusão de todo o levantamento
só sairá em 2016.
FONTE: Agência Brasil