O ano de 2013 começa com
perspectiva positiva para o agronegócio brasileiro, avaliou em entrevista à
Agência Brasil o presidente da Sociedade Nacional de Agricultura, Antonio
Alvarenga. Mesmo considerando que houve problemas em determinados produtos, ele
definiu 2012, como um ano excepcional para o agronegócio do país, em especial
no que se refere a grãos.
“Se nós não tivermos nenhum
problema climático, teremos uma bela safra, com crescimento na área de soja e
de arroz. Esses dois produtos são os que vão mais crescer”. Ele estimou que, em
contrapartida, haverá redução da área plantada de algodão, cujos preços foram
menores no ano passado. Segundo Alvarenga, nas regiões mais novas de produção
no país, localizadas no estado do Mato Grosso e na região oeste da Bahia, “os
produtores vão ganhar muito dinheiro”.
Alvarenga sublinhou que o
agronegócio, “ganhando dinheiro”, movimenta toda a economia. “Compra mais
insumos, mais máquinas. Ou seja, movimenta toda a cadeia de produção”.
O produtor disse que a situação de
alguns produtos que apresentaram problemas em 2012 não deve mudar. Como exemplo
ele citou a laranja, que teve reduzida a importação pelos Estados Unidos. Por
isso, embora a safra brasileira tenha sido grande, não foi totalmente
absorvida. Alguns produtores que já tinham contratos assinados saíram incólumes
desse episódio e receberam o dinheiro previsto; outros tiveram prejuízo. O
cenário deve continuar desfavorável neste ano.
No caso da cana, que vem
enfrentando problemas climáticos há alguns anos, a safra de 2012 não foi boa e
o cenário futuro não muda. “Como ela [cana] é atrelada ao preço do etanol e com
o governo congelando o preço da gasolina no limite atual, ele prejudica toda a
cadeia e acaba atrapalhando o programa do etanol, cujo preço é atrelado aos
preços dos combustíveis”. O presidente da SNA acredita, contudo, que 2013
poderá ser um ano melhor para a cana brasileira.
Devido à quebra da safra de soja
americana, os preços da soja e do milho estão bastante elevados no mundo, o que
para Alvarenga favorece o Brasil. Segundo ele, ainda vai levar algum tempo para
que os estoques americanos se recomponham. Alvarenga lembrou que quando os
preços desses grãos estão altos isso impacta o mercado de leite e de carne. “É
ração, ou seja, prejudica o mercado de frango, com impactos no custo da
produção. Afeta o mercado de suínos e um pouco menos o custo de produção de
carne”.
Em 2012, o Brasil teve uma grande
exportação de carne bovina e, apesar da suspensão de importação por alguns
países, o custo de produção no Brasil ainda é barato, destacou Alvarenga. “Os
embargos vão se refletir em 2013” ,
disse, mas acrescentou que a expectativa é que o assunto seja superado ao longo
do ano, “porque foi um caso isolado”.
No ano passado, devido à presença
da proteína causadora da doença da vaca louca (encefalopatia espongiforme
bovina – EEB), encontrada em uma fêmea que morreu em 2010, no Paraná, cerca de
dez países suspenderam importações de carne bovina do Brasil: Arábia Saudita,
Japão, China, África do Sul, Taiwan, Coreia do Sul, Jordânia, Líbano, Chile e
Peru.
Alvarenga disse que a SNA
trabalha com a perspectiva que poderá ocorrer alguma redução na exportação
brasileira de carne em 2013, mas os preços vão se manter elevados porque os
Estados Unidos, em função da quebra da safra de milho e de soja e de condições
climáticas adversas que afetaram as pastagens, terão queda na produção de
carne.
No caso do leite, no ano passado
o aumento da demanda no país foi maior do que o da oferta. Embora isso tenha
forçado o país a importar o produto, o presidente da SNA avaliou que esse é um
setor promissor para este ano. “Ele promete ser resgatado mais à frente”. Para
Alvarenga, com maior rentabilidade para o produtor, as perspectivas são muito
boas, embora o setor também tenha sido impactado pelo custo de produção das
rações (milho e soja).
Para o café, a expectativa de
Alvarenga é que seja mantida a boa safra e os preços elevados no mercado. “Não
vai ter crescimento, porque os preços caíram um pouco no final do ano. Para o
café, 2012 foi muito bom e acho que 2013 vai ser mais ou menos assemelhado”.
FONTE: Agência Brasil