O Brasil
consumiu 29,5 milhões de toneladas de fertilizantes em 2012, um recorde,
segundo estimativa da RC Consultores. Trata-se de um aumento de 4,24% sobre as
28,3 milhões de toneladas registradas no ano anterior. Os dados oficiais,
contabilizados pela Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), ainda
não foram divulgados.
Para 2013, a expectativa é de
mais um recorde. Segundo a RC, os produtores rurais vão demandar 30,5 milhões
de toneladas, um crescimento de 3,38% sobre o volume estimado para o ano
passado. A expectativa é que o mercado seja sustentado pelo crescimento da área
plantada com grãos e da renda agrícola.
“O que vai
puxar esse crescimento do mercado de fertilizantes é principalmente a soja”,
diz Fábio Silveira, sócio-diretor da RC. Ele estima que a receita gerada pelo
grão cresça 24,5% em 2013. Silveira avalia ainda que a cana-de-açúcar também
pode colaborar, ainda que timidamente, para o aumento do consumo.
As importações
devem crescer 3,5%, de 18,9 milhões para 19,56 milhões de toneladas, em 2013.
Em 2012, de acordo com a RC, foram gastos US$ 8,4 bilhões com essas compras, uma
redução de 4,97% ante os US$ 8,84 bilhões de 2011. Nos últimos dois anos, o
preço médio do insumo importado oscilou entre US$ 440 e US$ 450 por tonelada.
O país importa
cerca de 75% dos adubos que consome. Segundo especialistas, a dependência
externa ainda vai demorar para diminuir, apesar da previsão de investimentos da
ordem de US$ 18,9 bilhões por empresas que atuam no país até 2017, segundo
levantamento da Anda divulgado em agosto do ano passado. Esse montante é 45,4%
superior estimado um ano antes para o mesmo período.
Somente os
projetos relacionados ao potássio, cuja dependência externa chega a 90% do
consumo brasileiro, devem ter US$ 7,8 bilhões de investimentos até 2016,
segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM).
O analista da
Scot Consultoria, Rafael de Lima Filho, prevê estabilidade ou mesmo um pequeno
recuo na demanda por fertilizantes em 2013. Segundo ele, os investimentos já
realizados pelos produtores no ano passado – quando houve expansão de área e
boa rentabilidade na produção de grãos – podem limitar a expansão do uso de
adubos neste ano.
Os preços de
fertilizantes no mercado mundial, que já recuaram nos últimos três meses diante
da menor demanda, podem cair ainda mais neste primeiro semestre do ano, na avaliação
de Lima Filho. Segundo ele, a demanda dos Estados Unidos – maior produtor
agrícola do mundo – pode ser menor, já que muitas áreas castigadas pela seca no
ano passado não produziram. “A necessidade de adubação nessas áreas é menor”,
observa.
Silveira, da
RC, projeta uma queda de 5% a 10% no preço médio dos fertilizantes diante da
tendência de recuo dos preços do petróleo e do crescimento apenas modesto da
economia mundial. No mercado interno, os preços iniciaram o ano sob pressão.
Segundo a Scot Consultoria, a tonelada do cloreto de potássio granulado recuou
4,2% na 1ª quinzena de janeiro ante dezembro, para R$ 1.289 a tonelada – uma
desvalorização de 5% em relação a janeiro de 2012. A demanda deve
aumentar a partir de fevereiro, com o plantio da segunda safra (safrinha) de
milho e da cana-de-açúcar.
FONTE: Valor Econômico