Em menos de 10
anos, o Brasil pode se tornar protagonista global na produção de fertilizantes,
graças a recente descoberta de uma grande jazida de potássio – um dos
principais insumos para a fabricação do produto e que tem 90% de importações no
País – na Bacia Amazônica. A responsável pelas pesquisas na área é a Potássio
do Brasil, subsidiária da Brazil Potash Corp, empresa sediada em Toronto, no
Canadá. Se for confirmada, a reserva oferecerá 500 milhões de toneladas e
deverá colocar o Brasil como terceiro maior produtor de cloreto de potássio do
mundo, atrás apenas do Canadá e da Rússia.
“Nossos
cálculos preliminares mostram que essa será a maior reserva ativa do País”,
afirmou ao DCI o CEO da Potássio do Brasil, Hélio Diniz. A única jazida em
atividade no território nacional é a de Taquari-Vassouras (SE), arrendada pela
Petrobras para a Vale, que tem no negócio de fertilizantes sua grande “mina de
ouro” para as próximas décadas. “A área que pesquisamos tem potencial três
vezes maior que a da Vale”, destaca Diniz. A produção anual de potássio da
maior mineradora do mundo, atualmente, gira em torno de 700 mil toneladas. No
auge da vida útil da mina, em meados de 2015, a Vale espera produzir 1,2 milhão de
toneladas por ano.
O montante não
é maior, no entanto, que o projetado pela Potássio do Brasil. ” Nossas
estimativas de produção chegam a 2 milhões de toneladas por ano”, diz o CEO da
companhia. O teor de cloreto de potássio contido na mina é estimado em cerca de
30%, ou seja, serão extraídas 7 milhões de toneladas de minério por ano, das
quais 70% resultarão em sal convencional (NaCl) e 30% em cloreto de potássio,
utilizado para a fabricação de fertilizantes.
Hoje, a China
é o maior consumidor de cloreto de potássio do mundo e esse volume deve
aumentar ainda mais até 2050, quando autoridades globais preveem que 800
milhões de chineses migrarão do campo para os centros urbanos, levando a uma
explosão de consumo de alimentos. O papel dos fertilizantes será essencial
nesse cenário.
O Brasil ainda
importa a maior parte dos fertilizantes que consome – cerca de 70% do total,
segundo a Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda). E o pouco que o
Brasil produz é feito com insumos importados, já que nitrogênio, fósforo e
potássio são amplamente importados no País.
Segundo
cálculos da Potássio do Brasil, o custo de extração do minério ficaria em torno
de US$ 85 a
tonelada e, hoje, a cotação está entre US$ 400 a US$ 500 a tonelada para retirada
na mina. “Isso sem contar o frete para o Brasil, que não sai por menos de US$ 180 a tonelada”, ressalta
Diniz. Ele explica que, com a produção local, as empresas brasileiras
eliminariam o custo do frete.
Diniz afirma
que o consumo mundial do minério gira em torno de 5 milhões de toneladas por ano.
Até 2025, esse volume deve ser três vezes maior. “Metade da área que se pode
produzir potássio está no Brasil”, ressalta. Até lá, caso as operações da
companhia estejam a todo o vapor, a produção da Vale se somaria a da Potássio
do Brasil, resultando em praticamente um terço do consumo mundial. “O Brasil
passaria a ser protagonista na produção de fertilizantes”, afirma Diniz.
A companhia já
investiu cerca de R$ 110 milhões na fase de sondagem e deve aportar cerca de R$
100 milhões neste ano. A Potássio do Brasil pretende executar o projeto de
pesquisa até meados de junho de 2014, quando entrará com pedidos de licenças
para operar. A intenção é financiar 70% do custo de aproximadamente US$ 2
bilhões através de bancos de fomento – incluindo o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) – e o restante através de oferta
pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês).
FONTE: DCI