Os
consumidores estão assustados. Ameaçam retirar a tradicional salada de tomate
das refeições. De quem é a culpa? Do preço. De fato, o preço do tomate se
manteve elevado. A maior alta dos últimos 15 anos. Nas últimas semanas, a caixa
de 22 quilos chegou a ser vendida por R$115,00 na lavoura. E é justamente aí,
no campo, que está a raiz da questão.
Muita gente
esquece que, para que o tomate esteja na mesa dos capixabas, há milhares de
trabalhadores rurais que dedicam seus dias na trabalhosa produção do fruto.
Produzir tomate é fazer negocio a céu aberto, colocar dinheiro na terra, torcer
para o clima colaborar, depender de calor, temperatura, irradiação, chuva,
estradas, logísticas e mais diversas variáveis. Quando o quilo do tomate era
vendido a apenas R$ 1,00, ninguém disse que o tomate baixou a inflação,
desempregou pessoas, endividou agricultores. Muitos venderam suas terras,
aumentando as estatísticas de êxodo rural neste país.
A explicação
para a alta do tomate segue a lógica de mercado. Quando a oferta é pouca, o
preço aumenta. E uma coisa é certa: alguém no campo está passando dificuldades.
A agricultura que toca esse Brasil não pode continuar sendo vista como vilã da
economia. Pelo contrário, deve ser vista como uma guerreira que, mesmo
enfrentando tantas dificuldades, continua alimentando o nosso país.
Este é o
momento que o agricultor tem de recuperar os prejuízos do passado, honrar os
compromissos do presente e, se possível, fazer uma reserva e se preparar para
futuras crises. O produtor rural também tem contas para pagar. Também precisa
comprar alimentos para sua família. É preciso, sim, defender que o alimento
chegue à mesa do consumidor com preço bom. Mas isso jamais pode ser feito às
custas de quem produz.
AUTOR: Evair Vieira de Melo -
Diretor-presidente do Incaper