Depois de cortar os impostos federais para baixar o preço da cesta básica e ajudar no controle da inflação, o governo deve aplicar um forte reajuste no preço mínimo do café. Responsável por 35% da produção mundial, com aproximadamente 48 milhões de sacas de café por ano, o Brasil está com preços "muito defasados", que não são mais capazes de cobrir os custos de produção, entendem os técnicos do governo Dilma Rousseff.
Com o objetivo
de estimular um dos setores mais tradicionais da economia, o governo pode anunciar
os novos preços mínimos na quinta, dia 25, após a reunião do Conselho Monetário
Nacional (CMN), que também deve aprovar novas condições de financiamento para o
setor, cuja colheita da safra 2013/14 começa no mês que vem.
Em estudo, estão reajustes de
dois dígitos tanto para o café do tipo "arábica", que representa
quase 70% da produção total, quanto no tipo "robusta". Os preços
atuais estão congelados desde 2009.
O grão
arábica, por exemplo, está sendo negociado a cerca de R$ 300,00 a saca no mercado,
mas o preço mínimo está em R$ 261,69. Com o reajuste preparado pelo governo,
essa saca passará a custar, no mínimo, entre R$ 320,00 e R$ 340,00. Já o
robusta deve ter preço mínimo elevado a R$ 180,00, dos atuais R$ 156,57.
Ainda nesta
quarta, dia 24, o secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas
Gerais, Elmiro Nascimento, vai se encontrar com o ministro da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, Antônio Andrade, para reiterar a necessidade da
adoção de gestões para que o preço mínimo do café seja estabelecido em piso não
inferior a R$ 350,00 por saca de 60 quilos.
A solicitação
já foi encaminhada em ofício, pelo governador de Minas, Antonio Anastasia, à
presidente Dilma Roussef. O secretário enfatiza que a adoção do novo preço
mínimo dará ao cafeicultor mineiro condições de cobrir o custo de produção nas
lavouras.
Além da
revisão do preço mínimo do café, os cafeicultores mineiros estão pleiteando
também a prorrogação do prazo para vencimento de todos os créditos em aberto,
com vencimento em 2013.
Referência
Os preços
mínimos balizam as compras públicas, feitas pela Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab), e, com isso, também a negociação no mercado entre os
cafezais e os compradores. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a presidente
Dilma Rousseff já deu sinal verde para a elevação do preço mínimo, mas o valor
final ainda não havia sido fechado nesta terça, dia 23. No Palácio do Planalto,
a visão é que um reajuste forte neste ano evitaria o início de uma crise no
setor, afetado pelos preços baixos.
As
consequências desses reajustes, no entanto, devem ser amargas para o
consumidor. Ao forçar um aumento da saca do café, a medida de estímulo do
governo deve pressionar o valor do cafezinho. De acordo com o Índice Nacional
de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o café ao consumidor já acumula alta de
11,4% nos últimos 12 meses. Somente o cafezinho representou cerca de 0,07% do
IPCA, termômetro oficial de inflação no país.
Crédito
Além do forte
reajuste para a saca de café, outras medidas estão em estudo no governo
federal. Os técnicos vão bater o martelo sobre o montante de recursos do Fundo
de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) para o financiamento do custeio,
colheita e comercialização do café, inclusive estocagem.
Os valores
programados no Funcafé, que na safra atual somam R$ 2,7 bilhões, devem aumentar
para R$ 3,1 bilhões no ano agrícola que começa em julho deste ano e termina em
junho de 2014. Até dezembro do ano passado, o governo já havia liberado R$ 2
bilhões dos R$ 2,7 bilhões programados até junho deste ano.
Outra mudança
em análise no governo diz respeito à linha Financiamento para Aquisição de Café
(FAC), destinada à compra da matéria-prima pelas cooperativas, torrefadoras e
exportadores de café. Atualmente, a FAC só financia a compra de café por
valores acima do preço mínimo de garantia. A ideia do governo federal é retirar
a restrição na compra, mas exigir que o produto seja vendido somente acima do
preço mínimo.
FONTE: Estadão Conteúdo