A Companhia de
Saneamento de Minas Gerais (Copasa), em parceria com a Universidade Estadual de
Montes Claros (Unimontes), lançou um projeto de fertirrigação na agricultura,
que utiliza efluentes tratados como fertilizantes. Segundo o analista máster de
Saneamento, Anibal Oliveira Freire, e o gerente de Divisão de Operação de
Montes Claros, Rômulo de Souza Lima, a ideia é comparar a eficácia do esgoto,
como fertilizante, em relação à irrigação com água e adubação convencional
(NPK).
– Temos vários
módulos experimentais: um com o esgoto bruto, dois outros com o esgoto tratado,
vindo diretamente da ETE, e outro com adubação convencional – esclarece Lima.
Os
especialistas explicam que, em 2012, foram feitos experimentos com banana prata
anã, uma das culturas mais utilizadas na região, e com algodão. Os resultados
iniciais da aplicação na produção de banana devem sair em julho. Em relação ao
algodão, os dados já mostram que a utilização do esgoto, tanto na forma bruta
quanto tratada, supriu a necessidade de nutrientes da planta.
De acordo com
o mestre em Irrigação e Drenagem, Silvânio Rodrigues dos Santos, são utilizadas
duas doses do esgoto tratado, correspondendo a 100% e 150% do recomendado em
quantidade de potássio. O mesmo foi feito quanto ao esgoto bruto.
Segundo ele,
em termos de desenvolvimento e produtividade, o esgoto tratado, nas duas doses,
atendeu à necessidade da planta, se comparado com a adubação convencional
(mineral). Já o esgoto bruto atendeu à necessidade e ainda aumentou a
produtividade em relação ao adubo tradicional. Porém, a única opção viável de
fertilizante para aplicação agrícola irrestrita é com o esgoto tratado e
desinfetado.
Para evitar
que os nutrientes prejudiciais ao solo, como o sódio, impactem o meio ambiente,
Santos explica que, em vez de utilizar o critério de irrigação, eles optaram
pela fertirrigação – aplicação de fertilizantes por meio da água.
– Nesse caso,
atendemos à necessidade da cultura em termos de nutriente com o esgoto tratado
e complementamos com água limpa. Em se tratando da bananicultura, cerca de 20 a 30 dias antes da
colheita, suspendemos a aplicação de esgoto e mantemos a irrigação com água
limpa. Depois, avaliaremos os frutos para ver se há contaminação por
microorganismos – detalha.
Um dos
benefícios diretos do projeto está ligado, inclusive, ao abastecimento da
região. Na cidade de Janaúba, situada no semiárido mineiro, a medida pode virar
uma alternativa para poupar o reservatório que abastece a cidade.
– Se
utilizarmos o esgoto para atender a exigência da cultura, podemos economizar a
água da Barragem do Bico da Pedra. No caso da banana, por exemplo, se usarmos
esgoto limitado a 150
quilogramas por hectare de sódio, ao final de um ano,
teremos economizado 16% de água de boa qualidade, que poderá ser usada para
outro fim. Também esperamos economizar 50% da dose de nitrogênio e 40% da dose
de potássio. Em termos econômicos e ambientais é muito interessante. Além
disso, o fato de o esgoto ser direcionado a outro local e não ao rio contribui
para a manutenção da qualidade do curso d’água – destaca Silvânio dos Santos.
FONTE: Governo do Estado de Minas Gerais