BRASIL REPRESENTA APENAS 6% DO CONSUMO MUNDIAL DE FERTILIZANTES


Com todo o protagonismo que o Brasil possui no agronegócio e sendo o responsável pela fatia de 22% do PIB brasileiro, o equivalente a R$ 918 bilhões, o país deixa a desejar no consumo de fertilizantes representando míseros 6% do consumo mundial. Com a pouca demanda interna nos insumos, o Brasil não tem o poder de ditar a regra de compra e na maioria das vezes depende da sobra do mercado e da famosa lei da oferta e da procura. “A demanda chinesa impacta fortemente na formação do preço internacional, assim como, a demanda americana e europeia. Em alguns momentos é mais interessante direcionar a produção para alguns mercados do que para o Brasil, devido ao seu baixo consumo.
A venda de insumos agrícolas é altamente subsidiada no mercado internacional, os preços variam em função dos estímulos governamentais, especialmente na China e na União Europeia. O câmbio também influencia diretamente os preços dos insumos, porém não é o único fator, com a desvalorização do real os insumos importados ficam mais caros e ocorre o repasse imediato da desvalorização no preço dos insumos, especialmente fertilizantes e defensivos”, explica Matheus Kfouri Marino, doutor em administração pela FEA-USP e sócio fundador da consultoria Uni.Business Estratégia.
No interior paulista, a cerca de 400 km da capital, uma cooperativa realiza campanhas para incentivar o produtor rural a investir corretamente no uso de insumos agrícolas. A Coopercitrus Cooperativa de Produtores Rurais, presente no mercado agropecuário há 37 anos, com um quadro de mais de 20 mil cooperados e presente em todo o Estado de São Paulo e no triângulo mineiro, trabalha na comercialização de insumos, máquinas e implementos agrícolas. “O cooperado é a nossa principal preocupação, tudo o que fazemos refletirá nele e é por isso que a Coopercitrus promove constantemente palestras e eventos que mostram como ele pode obter maior produtividade de forma responsável e o principal de tudo, gastando menos. A mecanização na produção agrícola é imprescindível, as tecnologias surgem para um exclusivo objetivo: produzir mais e, para isso, empresas investem cada vez mais em máquinas com mínima perda de produção para todas as etapas da planta. Outro investimento certeiro para estimular a produção está no uso correto de corretivos de solo, fertilizantes, herbicidas, conforme a necessidade da planta, estas ações a protegem e fazem com que ela se desenvolva com condições plenas e favoráveis”, explica José Vicente da Silva, diretor de administração e negócios da Coopercitrus.
Apesar de o setor de insumos estar enfrentando uma turbulência com a alta do dólar e a freada no investimento por parte dos produtores rurais, a Coopercitrus, segundo José Vicente, prevê arrecadar em sua feira de agronegócios de agosto, a FEACOOP, cerca de R$ 200 milhões, um número alto diante da desaceleração do setor. “Nosso cooperado se sente acolhido mesmo diante da crise, pois ele sabe que pode contar sempre com o sistema cooperativo para lutar por preços melhores para ele, além de financiar as compras com juros mais baixos, com todos esses benefícios ele continua investindo em sua produção e obtendo alta produtividade”, conta.
O que acontece, segundo Kfouri, é que grande parcela dos princípios ativos dos agroquímicos são produzidos fora do Brasil, assim como, 70% dos fertilizantes. Quando o mercado mundial de insumos apresenta elevada demanda, alguns insumos se tornam escassos e o preço em dólar pode subir, o que é muito comum no setor de fertilizantes. Para o produtor não sentir muito a oscilação dos preços, o ideal a se fazer é garantir um bom estoque do produto quando o seu preço está satisfatório. A antecipação da compra associada aos preços de venda da safra proporciona redução de risco ao agricultor. “Os insumos variam muito de preço ao longo do ano, o aproveitamento de momentos de negociações coletivas, como as feiras de agronegócio, é crucial para ganhos de rentabilidade. Para redução de riscos, os produtores deveriam travar sua produção (venda antecipada da produção e compra antecipada de insumos) para garantia dos custos de produção”, acrescenta Kfouri.
Para complementar sobre a importância do uso de insumos na lavoura, o doutor em administração Kfouri afirma que a redução do uso de insumos agrícolas está diretamente ligada à redução de produtividade e, ainda, a não utilização de produtos necessários para o desenvolvimento da planta aumenta o custo por tonelada produzida, ou seja, reduz o retorno do agricultor. “Algumas tecnologias elevam o custo por hectare, mas ampliam a produção e no balanço geral, elevam a rentabilidade do agricultor. Para o produtor conseguir boas receitas com sua lavoura ele precisa de produtividade, uso racional de insumos, garantia de venda da safra e a compra de insumos no momento ideal”, finaliza.



FONTE: Agrolink
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