O problema da
deriva na aplicação de defensivos agrícolas volta a preocupar os órgãos de
agricultura e meio ambiente do Paraná. De acordo com o secretário de Estado da
Agricultura e do Abastecimento (Seab), Norberto Ortigara, o modo correto de
aplicação não tem sido adotado em muitas propriedades paranaenses.
O secretário reclama que está havendo um
exagero no número de aplicações de agrotóxicos nas lavouras do Estado,
principalmente nas culturas de soja e milho. "Três ou quatro aplicações
para combater uma ferrugem, por exemplo, é desnecessário", enfatiza. Deriva,
segundo especialistas, é quando o agrotóxico pulverizado "escapa" da
área em que deveria ser aplicado.
O uso inadequado desses produtos acendeu o
alerta vermelho na secretaria, que já organizou um pacote de medidas para
aumentar a eficiência e tornar a agricultura uma atividade mais produtiva e
sustentável. Uma delas é a expansão para todo o Estado do Programa Estadual de
Melhoria da Qualidade das Aplicações e Combate das Derivas de Agrotóxicos
(Acerte o Alvo), que tem por objetivo mostrar aos produtores, por meio da
assistência técnica, a forma adequada de quando e como aplicar um produto
químico na lavoura.
Criado em 2004 pela Seab, com apoio do
Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater),
Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Associação Norte Paranaense de
Revendedores Agroquímicos (Anpara), entre outros parceiros, o programa oferece
suporte ao produtor na hora da aplicação. Lançado oficialmente em 05/09/13 para
todo o Estado, o projeto espera capacitar, até 2018, 24 mil produtores e
aplicadores de agroquímicos e 2,4 mil profissionais ligados à assistência
técnica e extensão rural, espalhados por todo o Paraná.
Ortigara revela que muitos produtores estão
jogando dinheiro fora, além de "emporcalhar o meio ambiente".
"Precisamos utilizar esses produtos de forma responsável, sem
desperdícios, verificando sempre se os bicos de pulverização estão bem
regulados", aponta o secretário. Ele completa que os agroquímicos só devem
ser usados quando realmente for necessário.
Atenção
Nelson Harger,
engenheiro agrônomo do Emater, salienta que aplicar defensivos não é uma tarefa
fácil, por isso é necessário apoio técnico. Antes de iniciar o processo, o
especialista recomenda a verificação do sistema de filtro do pulverizador.
"Muitos aplicadores não se atentam a essa necessidade." Harger
destaca que é comum ver nas propriedades problemas como falta de limpeza das
máquinas e equipamentos inadequados para o tamanho da área, entre outras
situações.
O técnico explica que um pulverizador grande
necessita de uma área maior. Ele disse que geralmente os produtores que
utilizam equipamentos maiores em áreas menores acabam destruindo os terraços,
ocasionando outro problema crescente no Estado, que é a erosão. "Queremos
que os produtores apliquem apenas nas plantas, na quantidade indicada, e com os
bicos calibrados", descreveu Harger.
FONTE: FolhaWeb