Investidores
da companhia de agronegócio Monsanto rejeitaram, na reunião anual
de acionistas nessa terça, dia 28, em Nova York (EUA), uma proposta
que forçaria a empresa a indicar em rótulos a presença de
ingredientes geneticamente modificados, depois de gastar milhões
fazendo lobby contra isso em nível estadual. Os votos a favor
representaram apenas 4% das ações da Monsanto.
A
proposta, no entanto, levou o executivo-chefe da companhia, Hugh
Grant, a discutir pessoalmente com alguns críticos ferozes das
práticas de negócios de sua empresa, coisa que a Monsanto quase não
fazia no passado.
–
Nós simplesmente não nos envolvemos no nível em que deveríamos
com todos os nossos públicos e, por isso, pedimos desculpas. Há um
reconhecimento de que precisamos fazer mais – disse Grant na
reunião.
Do
lado de fora, manifestantes contra transgênicos se reuniam entre
carros enfeitados com legumes gigantes e brilhantes. Durante a
reunião, o executivo enfrentou críticas de vários advogados de
consumidores que escarneceram da empresa por promover o uso de
pesticidas e utilizar a sua influência para encobrir as origens dos
alimentos. Os advogados disseram representar proprietários de ações
da Monsanto.
Os
esforços de alguns acionistas para obter o apoio da empresa à
rotulagem de organismos geneticamente modificados (OGMs) ocorrem após
defensores de tais medidas lutarem contra empresas agrícolas e de
alimentos, que têm argumentado que a rotulagem elevará o custo dos
alimentos e dará a impressão de que os produtos agrícolas
cultivados a partir de sementes transgênicas não são seguros.
Na
semana passada, legisladores do Estado norte-americano de New
Hampshire rejeitaram um pedido de rotulagem de OGMs, após um
plebiscito altamente controverso em Washington em novembro ter
decidido contra a indicação na embalagem. Maine e Connecticut,
enquanto isso, já aprovaram leis que exigem esse tipo de rótulo,
embora a medida não entre em vigor até que outros Estados aprovem
medidas semelhantes. Há propostas semelhantes pendentes em outros
Estados.
–
Neste momento, há um movimento crescente para rotular alimentos
geneticamente modificados. A Monsanto escolheu infelizmente resistir
aos direitos do povo americano – disse Dave Murphy,
diretor-executivo da Food Democracy Now!, que apresentou a proposta
de rotulagem na reunião da Monsanto na terça.
Grant
respondeu que a Monsanto apoia a rotulagem "voluntária" de
alimentos produzidos com ingredientes geneticamente modificados. Essa
abordagem, segundo ele, é mais justa para os consumidores que não
estão tão preocupados com a genética do grão que vai em seu
cereal matinal ou que alimenta o gado a partir do qual é produzido
um bife. A reunião de acionistas – a primeira da empresa a ser
transmitida pela internet – também atraiu a presença de
apoiadores da Monsanto.
Justin
Danhof, conselheiro geral para o Centro Nacional de Pesquisa de
Políticas Públicas, criticou o que chamou de uma "campanha de
ciência lixo" contra alimentos biotecnológicos. Ele sugeriu à
Monsanto que assuma a ofensiva e liste seus cientistas como
porta-vozes para falar no rádio e outros meios de comunicação e
"explicar questões e responder perguntas do público". O
CEO da Monsanto elogiou a ideia.
FONTE:
Estadão Conteúdo.