O
forte cheiro do alho é a arma utilizada por professores e alunos do
Centro de Ciências Agrárias da Universidade Estadual de Londrina
(CCA/UEL), no Paraná, para evitar o uso de agrotóxicos nas
plantações de morango, fruta altamente suscetível aos venenos. O
cultivo do morango em consórcio com a produção de alho é uma das
técnicas alternativas incentivadas pela instituição junto a
agricultores da região para o controle de pragas e doenças.
O
sistema também se mostra menos agressivo ao meio ambiente. O
objetivo é a redução da população de ácaro rajado. A praga
atinge as folhas da planta, causando apodrecimento. O resultado é o
encurtamento do período produtivo da planta e, consequentemente,
altos prejuízos financeiros. O forte cheiro do alho repele este
inseto.
–
A técnica tem grande potencial de redução da população dessa
praga – explica o responsável pela pesquisa Fernando Teruhiko
Hata, mestrando do Programa de Pós-graduação em Agronomia da UEL.
Hata
conta que o consórcio do morango com alho já é adotado por
pequenos produtores de Pinhalão e Jandaia do Sul. As regiões,
segundo ele, estão entre os maiores produtores de morango do Estado.
O pesquisador reforça que a técnica reduz o uso de agrotóxicos ao
mesmo tempo em que a produção de alho surge como fonte de renda
alternativa ao produtor. Também já foram testados o plantio do
morango com manjerona, orégano, funcho e cebolinha; mas o alho
apresentou melhores resultados.
Mosca
branca
O
plantio do tomate junto com manjericão e coentro é outra estratégia
pesquisada pelo grupo do CCA. A alternativa é adotada no combate à
mosca branca. O inseto causa sérios danos à produtividade do
tomate. O método também é adotado por pequenos produtores rurais
das cidades de Primeiro de Maio e Jaguapitã.
–
Foi possível observar a redução de 60% a 70% a população da
mosca branca – diz o pesquisador Mateus Gimenez Carvalho, aluno de
doutorado do Programa de Pós-Graduação em Agronomia da UEL.
Ele
explica que a mosca branca é uma praga transmissora de vírus que
prejudica o desenvolvimento da planta. O coentro e o manjericão são
cultivados ao lado ou entre as mudas do tomate. São ervas que
liberam odor característico, mantendo o inseto distante da planta. A
técnica, segundo Carvalho, também favorece a entrada de predadores
naturais da mosca branca, como aranhas e besouros e um parasitoide,
uma espécie de vespa minúscula que se instala dentro dos ovos da
mosca.
–
Os resultados da pesquisa são satisfatórios, já que a técnica é
um aditivo a mais no controle da praga que causa danos à produção
de tomate – aponta. Outra vantagem é a redução significativa na
aplicação de agrotóxicos.
–
Se o agricultor aplica o veneno a cada três dias, ele passa a
aplicar uma quantidade menor – conclui o doutorando.
Pequenos
agricultores
Estas
são práticas simples e baratas que geram benefícios no combate a
pragas e doenças. Outra vantagem é a geração de renda ao pequeno
produtor.
–
São inseridas plantas no sistema de cultivo que terão função de
repelir as pragas. As soluções simples e eficientes são retiradas
da própria natureza – explica Maurício Ursi Ventura, professor do
Departamento de Agronomia, do CCA, e orientador das duas pesquisas.
As
técnicas são direcionadas aos pequenos agricultores da produção
orgânica de frutas e hortaliças, produtos cultivados sem
agrotóxicos. A meta é testar métodos alternativos que auxiliem o
agricultor a reduzir de maneira gradativa o uso de agrotóxicos.
–
Os agricultores estão ávidos por alternativas, por isso a
importância do trabalho conjunto das universidades, atuando junto
aos pequenos produtores por meio dos projetos de extensão – afirma
o professor.
A
expectativa, segundo ele, é inserir áreas de produção na Fazenda
Escola. O objetivo é trazer os produtores de Londrina e região para
conhecer de perto as técnicas pesquisadas pelos alunos.
– Também
é preciso criar espaços alternativos na cidade de comercialização
dos produtos orgânicos – completa o professor.
FONTE:
Agência de Notícias do
Paraná