O censo agropecuário (IBGE, 2006) apontou que há no
Brasil 4.367.902 de estabelecimentos rurais ocupados pela agricultura familiar,
sendo responsável por garantir boa parte da segurança alimentar do país. Além
disso, é importante fornecedora de alimentos para o mercado externo. Esses
brasileiros que vivem no campo e produzem alimentos para a população urbana não
recebem o devido reconhecimento e atenção. Até mesmo as instituições de
pesquisa os ignoram e a produção cientifica e o acúmulo de conhecimento fica à
margem da agricultura moderna e de precisão que ocupa as melhores terras quanto
à topografia e fertilidade dos solos.
Contudo, apesar dos baixos índices de produtividade
e de rentabilidade econômica, a pecuária sob baixos índices de adoção de tecnologia, é também
responsável pelo Brasil ser hoje um dos maiores produtor e exportador mundial
de carne bovina e o quinto maior produtor mundial de leite (SEAPA-MG, 2013).
Com a necessidade de fixação do homem no campo, as
tecnologias apropriadas, como aquelas que visam aumentar a eficiência de uso
dos insumos e redução dos custos de produção, caracterizam-se como meios
rápidos e capazes de reverter o êxodo rural, pela criação de outras
oportunidades de emprego e renda no campo (LANA, 2005).
Por isso, a agropecuária familiar vem ao encontro
dos anseios da sociedade atual que demanda alimentos de qualidade e que utilize
os recursos naturais com mais eficiência.
Há um intenso debate na sociedade sobre a produção
“sustentável”. E sobre o agronegócio, principalmente aquele de grande escala e
exportador, recai toda atenção, sendo apontado como o “vilão” da natureza. Todavia, com o aumento da população do planeta no último século e a
melhoria na qualidade de vida possibilitaram maior consumo de alimentos, assim, a agropecuária mundial teve que responder a essa demanda adotando o uso intensivo
de insumos como fertilizantes, água e petróleo. Consequentemente, com a
intensificação da produção houve efeitos negativos pelo uso excessivo dos
recursos naturais e acarretando poluição ambiental. Com a elevação na demanda
por alimentos, a agricultura mundial fica cada vez mais dependente de recursos
fósseis para geração de energia.
Paralelo ao debate acerca do suposto efeito
deletério da agropecuária comercial sobre o clima do planeta, encontra-se a
produção em pequenas e médias propriedades conduzida por grupos familiares que
representam a maioria dos produtores rurais brasileiros. Esse segmento emprega
77% da mão de obra no campo e participa em torno de 10% do PIB nacional.
O pequeno produtor tem sobrevivido por longos tempos, apesar de previsões negativas contra atividades de baixa produção terem acontecido por diversas correntes de pensamento (LANA, 2005). Segundo o auto anterior, a produtividade não é relevante para muitos produtores, principalmente de leite, pois isso requer o uso de mais insumos e aumenta os custos de produção e dá um exemplo daquele produtor de leite que produz de 50 a 100 litros em 15 a 20 vacas ordenhadas/dia, com baixo uso de insumos, dedicando-se apenas 2-3 horas/dia na atividade com remuneração de R$ 10,00/hora, R$ 80,00/dia corrido ou R$ 1.760,00/mês, considerando 22 dias de serviço/mês. Isso o mantém na atividade contrariando muitos “economistas rurais”.
O pequeno produtor tem sobrevivido por longos tempos, apesar de previsões negativas contra atividades de baixa produção terem acontecido por diversas correntes de pensamento (LANA, 2005). Segundo o auto anterior, a produtividade não é relevante para muitos produtores, principalmente de leite, pois isso requer o uso de mais insumos e aumenta os custos de produção e dá um exemplo daquele produtor de leite que produz de 50 a 100 litros em 15 a 20 vacas ordenhadas/dia, com baixo uso de insumos, dedicando-se apenas 2-3 horas/dia na atividade com remuneração de R$ 10,00/hora, R$ 80,00/dia corrido ou R$ 1.760,00/mês, considerando 22 dias de serviço/mês. Isso o mantém na atividade contrariando muitos “economistas rurais”.
O desenvolvimento da agropecuária tem ocorrido pelo
aumento de uso de grãos, na qual os fertilizantes têm sido utilizados de forma
indiscriminada para aumentar a produção destes, o que leva ao aumento no custo
de produção e à depleção das reservas mundiais da matéria prima para produção
de fertilizantes.
Esse modelo de produção fica sujeito a oscilações
de mercado e aos preços praticados por grandes empresas multinacionais
detentoras de capital e influência política. É por isso que o produtor, por
exemplo, prefere ter uma remuneração de R$500,00 por mês com baixos custos
operacionais do que ganhar R$1000,00 por mês, com receita bruta de R$10.000,00
e custos operacionais efetivos de R$9.000,00 (LANA, 2005). Certamente, com a
segunda opção toda essa diferença vai para a empresa concentradora de capital que
é a maior interessada em sistemas intensivos de produção.
É por isso que a pecuária conduzida por
agricultores familiares reforça a linha de pensamento em que a baixa adoção
de insumos e a produção de bovinos a pasto são as maneiras mais eficientes
economicamente de produção de carne no Brasil. Assim, um modelo de sistema pecuário sustentável
com custo de produção reduzido, que gere lucro, satisfação de vida e bem estar
às famílias do campo; aquele conduzido por médios e pequenos pecuaristas que
conduzem suas atividades com baixo uso de insumos e, sobretudo, com a criação
de animais em regime de pastagem, são mais apropriados para a realidade
brasileira.
Plínio de Oliveira Fassio
Zootecnista
Mestrando em Zootecnia - UFV
Referências:
IBGE. Censo agropecuário 2006. Rio de Janeiro: IBGE, 2006a. Disponível em: < http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 15 maio 2013.
LANA, R.P. Nutrição e Alimentação animal (mitos e realidades). Viçosa: UFV, 2005. 344p.
SEAPA. Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado de Minas Gerais. Perfil do Agronegócio Mundial - Março de 2013. Disponível em: <http://www.agricultura.mg.gov.br/images/files/perfil/perfil_mundial_set.pdf>. Acesso
em: 30 de maio de 2013.