A união de 29 grandes fabricantes de produtos lácteos, entre elas líderes do mercado, irá criar a Viva Lácteos. Juntas, elas são responsáveis por 70% da produção de leite e derivados do país, incluindo iogurtes, queijos e requeijões. A nova associação será lançada em jantar nesta terça, dia 8, em Brasília (DF).
A Viva Lácteos nasce com a meta de unir o setor e desenvolver políticas que permitam aumento da competitividade, maiores ganhos de produtividade e das exportações, além de estimular o consumo de leite e derivados. O mercado de lácteos deve movimentar mais de R$ 100 bilhões em 2014. Atualmente, o Brasil é o quarto maior produtor de leite do mundo, empregando cerca de 4 milhões de pessoas, a maioria no campo (o setor lácteo é o segundo em geração de empregos no País, ficando atrás apenas da construção civil).
A Viva Lácteos terá sede em Brasília e escritório em São Paulo. O grupo é formado por fabricantes de produtos lácteos (Nestlé, DPA, Danone, BRF, Itambé, Vigor, Piracanjuba, Italac, Jussara, Regina, Tirolez, LBR, Aurora, Frimesa, Mococa, Embaré, Lactalis, Cemil, Scala, Quatá, Aviação, Porto Alegra, Belo Vale, Caprilat, Davaca e Fonterra) e associações do setor, como a Associação Brasileira da Indústria de Queijo (Abiq), o G100 (Associação Brasileira de Pequenas e Médias Cooperativas e Empresas de Laticínios) e a Associação Brasileira da Indústria de Leite Longa Vida (ABLV).
Será administrada por um conselho formado por 15 pessoas, sem presidente, com mandato de dois anos, sendo 12 executivos de empresas (fundadores da associação) e três representantes das associações ABIQ (Associação Brasileira da Indústria de Queijo), G100 (Associação Brasileira de Pequenas e Médias Cooperativas e Empresas de Laticínios) e ABLV (Associação Brasileira da Indústria de Leite Longa Vida). O diretor executivo é Marcelo Martins, que teve passagens na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e Sistema Senar.
A Viva Lácteos terá como prioridade estimular o consumo de leite. O conselheiro da entidade e presidente do Laticínios Bela Vista, dona da marca Piracanjuba, César Helou, disse no ano passado que o consumo do alimento no país era de 173 litros/ano, enquanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a ingestão de dois copos de leite por dia, o que equivale a cerca de 240 litros por ano.
– Nos últimos 10 anos, o consumo de leite no Brasil aumentou mais de 30%, o que é expressivo, mas precisamos crescer muito mais, temos muito potencial – declarou.
Para que o projeto tenha resultados ele diz que é fundamental melhorar a qualidade do produto.
– A associação pensa no futuro e o que ocorreu (adulteração do produto com adição de água, para aumentar o volume, e de ureia - produto que contém formol) foram problemas pontuais ante a uma produção nacional de 66 milhões de litros de leite por dia. Vamos trabalhar com ações de gerenciamento de fazenda, com apoio do Ministério da Agricultura, sistema Senai e Sebrae – explicou.
A associação também pretende trabalhar pela isonomia tributária para todos os segmentos da cadeia, investir na produção para exportação e promover políticas que incentivam o investimento por meio da maior disponibilidade de crédito e do acesso a bens de capital a preços mais competitivos.
Questionado sobre o que a Viva Lácteos espera em termos de preços de captação e de venda de leite, o empresário declarou que, para ambos, a indústria trabalha com estabilidade.
– Dependemos muito dos estoques globais da matéria-prima. No ano passado, eles estavam baixos e o Brasil voltou a exportar. Agora, há uma relativa sobra do produto e as exportações recuaram. Esperamos que o câmbio volte a ficar atrativo para retomarmos as vendas externas – disse Helou.
O consultor da Scot Consultoria, Rafael Ribeiro, afirmou que a expectativa é de que o mercado de leite siga firme e em alta em curto e médio prazos. Segundo ele, a maior concorrência entre os laticínios pela matéria-prima (leite cru) é o principal fator de sustentação. O Índice Scot Consultoria para a Captação de Leite aponta que a produção de leite caiu 3,7% em fevereiro, em relação a janeiro. Em março, a queda estimada é de 2,2% em relação ao mês anterior. Para o pagamento a ser realizado em abril, 69% dos laticínios pesquisados acreditam em aumento do preço ao produtor, 27% em manutenção e apenas 4% estimam queda.
O lançamento oficial da nova associação do setor, a Viva Lácteos, ocorrerá nesta terça, a partir das 19 horas, no Hotel Brasília Palace, em Brasília (DF). Devem participar do evento, além de Helou, os empresários Dario Marchetti, presidente da francesa Danone no Brasil; Alexandre Almeida, presidente da Itambé; Cláudio Teixeira, presidente da Italac; Gilberto Xandó, presidente da Vigor; e Abilio Diniz, da BRF. Foram convidados, ainda, autoridades como o ministro da Agricultura, Neri Geller, e a senadora Gleisi Hoffmann.
FONTE: Rural BR