Uma
equipe multidisciplinar de pesquisadores descobriu que a partir da
produção de concentrados zeolíticos, que são um grupo numeroso de
minerais - rochas e pedras - de estrutura porosa, podem ser efetuadas
modificações nas propriedades de superfície dessas partículas, de
modo que elas possam fazer a troca de nutrientes, típica de
materiais porosos.
No
processo, foi utilizada uma zeólita do Brasil, encontrada no
Maranhão. A pesquisadora Marisa Monte, do Centro de Tecnologia
Mineral (Cetem) observou que a mistura da argila com a zeólita
promove uma boa capacidade de troca e faz com que ela consiga usar
esses nutrientes na agricultura. Outra vantagem desse material
poroso, disse a pesquisadora, é na irrigação – Ele reduz em 50%
a necessidade do ciclo de irrigação – demonstrou.
O
trabalho comparou, ainda, a utilização de material comum
incorporado com ureia (amônia), que é usado hoje na agricultura,
com o composto mineral desenvolvido a partir de concentrados
zeolíticos.
–
Com esse material, a gente descobriu que podia reduzir em 80% a perda
de nutrientes na volatização, pelo fato de liberar mais lentamente
e estar mais protegido.
Isso
significa que, como o composto zeolítico faz troca de nutrientes,
ele capta o excesso e libera os nutrientes de forma bem lenta.
–
É como na alimentação infantil. Não adianta querer dar tudo de
uma vez. Tem que dar aos poucos. A mesma coisa [se aplica] à planta,
para ela crescer – explicou.
Inicialmente,
foram feitos testes para o crescimento de mudas de plantas cítricas.
O Brasil é o primeiro do ranking mundial na produção de mudas,
disse a pesquisadora do Cetem. Essas mudas crescem em ambientes
fechados, livres de contaminação. O uso do material para
crescimento das mudas aumentou em 40% a produtividade. Depois, foram
feitos testes com tomate, alface e arroz em ciclos de cultura. Também
aí, os testes comprovaram que o material libera lentamente os
nutrientes. Outros testes foram feitos com o plantio de flores,
obtendo o mesmo resultado. Marisa admitiu que a descoberta pode vir a
substituir a importação de fertilizantes pelo Brasil.
–
O consumo é menor do que utilizando fertilizantes solúveis, que não
são produtivos. Então, de certa forma, você pode reduzir a
importação. Porque, se ele libera [nutrientes] lentamente, a
planta pode ir absorvendo no tempo que é compatível como o seu
metabolismo, com o seu crescimento – destaca.
Os
pesquisadores já têm a patente do novo produto e agora a intenção
é comercializar. Marisa informou que algumas empresas, entre as
quais a Petrobras, já manifestaram interesse. Ela adiantou que a
ideia de utilizar a matriz abre a perspectiva de usar o composto com
outros minerais porosos, sempre com o projeto de utilização como
fertilizante. Marisa salientou, ainda, que a aplicação do material
seria interessante na agricultura orgânica, porque pode fazer
incorporações nas zeólitas, e não utilizar produto químico.
De
acordo com o Cetem, o invento é uma alternativa ao uso de
fertilizantes solúveis, que poluem as águas e geram desperdício de
nutrientes. A pesquisa foi desenvolvida pelo Centro de Tecnologia
Mineral (Cetem), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação;
pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa); pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); e pelo Serviço
Geológico do Brasil (CPRM), do Ministério de Minas e Energia. A
invenção Composição Mineral Zeolítica, Processos de Modificação
e Utilização teve patente concedida recentemente pelo Instituto
Nacional da Propriedade Industrial (Inpi).
FONTE: Canal
Rural, com informações da Agência Brasil