Uma máquina
desenvolvida por pesquisadores da UFV pode revolucionar a cafeicultura mundial
– atividade que movimenta bilhões de dólares por ano e representa,
historicamente, um dos principais itens da pauta de exportações do Brasil. O
país, que lidera a produção e o comércio do grão em todo o planeta, poderá
agora assumir a vanguarda tecnológica na colheita do café, por meio de um
equipamento - guiado por controle remoto - que permite a realização desse
procedimento em áreas com inclinação de até 50%.
A expectativa
é de que a invenção traga significativos avanços na área de cultivo, já que as
colhedoras convencionais não podem ser utilizadas em plantações cuja
declividade seja superior a 10%. Tal limitação inviabiliza a colheita
mecanizada em regiões de montanha, a exemplo de Minas Gerais, onde o
procedimento é predominantemente manual. Além de ser menos eficiente e, por
conseguinte, mais caro, colher o café à mão vem deixando de ser uma opção
devido à indisponibilidade de mão de obra – que tem migrado para outros
segmentos da economia, como a construção civil.
O protótipo da
nova colhedora, já em escala industrial, é o resultado de um ano e dois meses
de trabalho de uma equipe de pesquisadores do Laboratório de Mecanização
Agrícola, vinculado ao Departamento de Engenharia Agrícola da UFV. A concepção
tomou forma a partir das pesquisas orientadas pelo professor Mauri Martins
Teixeira e elaboradas pelo então estudante de doutorado em Engenharia Agrícola ,
Marcos Vinícius Morais de Oliveira, atualmente professor da Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro. Outro participante da iniciativa é o
engenheiro agrícola Gustavo Vieira
Veloso, hoje cursando doutorado na UFV.
Com 12 motores
elétricos, o equipamento tem particularidades que possibilitam sua ação
inovadora. Uma delas é um sistema de acionamento independente nas quatro rodas,
que favorece sua locomoção na lavoura e permite que a máquina gire em torno de
seu próprio eixo. Para efeito de ilustração, é como se um carro fosse
estacionar e, em vez de fazer as manobras mais conhecidas, parasse ao lado da
vaga, girasse as rodas 90 graus em direção ao local onde pretende ficar e
estacionasse. Como explica o professor Mauri, “o espaço demandado para fazer
curvas, por exemplo, passa a ser bem menor, dispensando a área de manobra e
favorecendo a ampliação do terreno para cultivo”.
Outra vantagem
da colhedora de café é ter um chassi que permite a articulação da sua estrutura
superior, já que os equipamentos convencionais têm um sistema hidráulico de
compensação da inclinação. Mas um dos maiores destaques está no alto da
máquina, onde fica o mecanismo de articulação, que, conforme o nome, permite
sua articulação, propiciando a colheita em terrenos com declividade em torno de
50%, mantendo os derriçadores sempre a uma mesma altura do solo. Com isso, a
colheita é feita em toda a planta, independentemente da inclinação. “Vamos
fazer alguns testes, mas acreditamos que seja possível a utilização da máquina
em áreas com até 80% de inclinação”, afirma o professor Mauri.
Outro diferencial
que chama a atenção na invenção é seu acionamento a distância, controlado
remotamente, tornando sua operação mais segura. “Uma possibilidade bem viável é
a instalação de câmeras, fazendo com que a máquina seja operada de uma sala de
controle”, observa o professor Mauri, que destaca, também, o papel da UFV no
contexto das tecnologias voltadas ao campo. “Com um volume de recursos modesto,
mas com empenho e criatividade da equipe, foi possível dar origem a esse
equipamento. Mais uma vez, a Universidade demonstra sua capacidade de trazer
benefícios à sociedade brasileira por meio da pesquisa”. Veja os vídeos abaixo que mostram a nova tecnologia em um pré-teste realizado na Universidade.
FONTE: Marcel Ângelo – Universidade Federal de Viçosa - Foto: www.ufv.br - Vídeos: News Cafeicultura