A cana-de-açúcar é a principal forrageira encontrada na maioria das pequenas e médias propriedades rurais do Brasil central pecuário. A escolha dessa forrageira por parte dos produtores deve se ao fato, entre outros, ao seu fácil cultivo, boa aceitação pelos animais e melhor valor energético coincidindo com a época de escassez do pasto.
No final dos anos 80, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Gado de Leite) iniciou um programa de transferência de tecnologia baseado na alimentação de vacas leiteiras com cana-de-açúcar mais ureia e uma fonte de enxofre (sulfato de amônio). A partir disso, consolidou o uso de 1% de ureia com base na matéria natural da cana-de-açúcar, ou seja, para cada 100 kg de cana desintegrada (picada) acrescentaria-se um 1 kg da mistura ureia:sulfato de amônio (9:1).
Essa tecnologia resolveu o problema que muitos produtores encontravam em alimentar o rebanho no período de seca. Contudo, o fornecimento da cana-de-açúcar diária esbarra na dificuldade em cortar, desintegrar e fornecer aos animais, além do custo com mão-de-obra. Pensando nisso, pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa conduziram um trabalho com objetivo de avaliar o fornecimento da cana-de-açúcar desintegrada versus a cana-de-açúcar inteira (com colmo e folhas). Os resultados da produção de leite foram favoráveis à cana desintegrada. Porém, segundo os autores, dado a pequena diferença na produção de leite em comparação aos dois métodos, o fornecimento da cana-de-açúcar inteira pode ser uma prática na fazendas por facilitar o manejo.
Seguindo essa linha de avaliar, alternativamente, os métodos tradicionais de fornecimento da cana-de-açúcar para bovinos leiteiros, dois estudos foram conduzidos por pesquisadores da Universidade Federal de Lavras, um no Instituto de Federal do Norte de Minas Gerais no campus Janaúba com novilhas girolando e outro na própria universidade com vacas holandesas em final de lactação. Os pesquisadores compararam o fornecimento entre a cana desintegrada (sem remoção das folhas) e a cana desintegrada (com remoção das folhas). Os resultados demostraram que a remoção das folhas da cana antes de desintegrá-la aumentou a ganho de peso das novilhas. Por outro lado, essa prática não surtiu efeito na produção de leite das vacas que recebiam uma dieta contendo 18% de cana, apesar da tendencia no aumento da digestibilidade. Os autores ainda sugerem que a remoção das folha da cana antes de moê-las poderia causar efeito em dietas de vacas de menor potencial leiteiro, a julgar pelo aumento no ganho de peso das novilhas alimentada com 78% de cana.
Maiores informações
S. Siécola Júnior, L.L. Bitencourt, L.Q. Melo, V.A. Silveira, N.M. Lopes, J.R.M. Silva, R.A.N. Pereira, M.N. Pereira. Despalha da cana-de-açúcar e desempenho de novilhas e vacas leiteiras. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.66, n.1, p.219-228, 2014