Os
produtores de café estão divididos depois que o Ministério da
Agricultura autorizou o uso de um novo defensivo para o combate da
broca-do-café. A medida, que, por enquanto, só vale para Minas
Gerais, animou os produtores do Estado. Já em São Paulo, outro
grande produtor do grão, os cafeicultores estão preocupados.
A
broca-do-café é uma das pragas que mais prejudicam o desempenho da
cafeicultura no Brasil. Desde março, o Estado de Minas Gerais foi
declarado em emergência fitossanitária pela infestação da broca. Agora,
somente os cafeicultores mineiros poderão usar um novo produto
contra a praga. Foi autorizada a importação de um inseticida à
base de ciantraniliprole. A permissão é temporária, até março de
2015, o mesmo período de duração do estado de emergência,
decretado pelo Ministério.
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O Departamento de Sanidade Vegetal foi notificado por técnicos da
Embrapa Café e da Universidade Federal de Lavras sobre uma grande
possibilidade de surto da broca-do-café no Estado de Minas Gerais. O
motivo seria a retirada do Endossulfan. Inicialmente, essa medida só
vale para Minas Gerais – explica o fiscal agropecuário do
Ministério da Agricultura Ériko Sedoguchi.
No
ano passado, foi proibido o uso do inseticida endosulfan, porque ele
deixava resíduos nos grãos. O produto que acabou de ser liberado
contra a broca-do-café já é utilizado por outros países.
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Estivemos em uma missão na Colômbia, com pesquisadores, engenheiros
agrônomos e produtores. Na Federação dos Cafeicultores da
Colômbia, pudemos verificar o teste do produto e da molécula. Estão
no terceiro ano de resultados, interagindo muito bem e de forma
ecológica, com resultado econômico nas lavouras – comenta o
consultor Eduardo Sampaio.
No
município de Andradas, sul de Minas Gerais, a maior parte do café
já foi colhida. A produção foi, em média, de 30% menor do que a
esperada. Além da praga, a falta de chuvas derrubou os rendimentos
dos grãos. A notícia de um novo defensivo para a próxima safra de
café animou os produtores.
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Conseguindo eliminar as perdas da broca-do-café, a cafeicultura
inteira vai sair ganhando. Precisamos de um produto que esteja à
altura pra controlar esta praga – comemora o produtor João Paulo
de Oliveira.
O
cafeicultor Alessandro Bessi Manzoli produz o grão em Santo Antônio
do Jardim, em São Paulo, mas bem próximo de Minas Gerais. Como, por
enquanto, a norma só vale em território mineiro, ele já pensa em
como conseguir usar o novo inseticida.
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O que nós podemos fazer é pedir para um vizinho comprar para a
gente. Conseguimos usar do mesmo jeito. É a única solução que
temos se não liberarem para nós – argumenta Manzoli.
FONTE:
Roberta Silveira – Canal Rural