Diante da alta
nos custos de fertilizantes e das incertezas do mercado dos grãos, produtores
temem não fechar a conta no balanço final. Por este motivo, o setor volta a
pedir mais investimentos para novas fábricas de adubo no Brasil.
O produtor
rural Genésio Muller acompanha o desenvolvimento da lavoura de milho que
responde bem à aplicação dos fertilizantes. O problema está na conta que
aumentou entre 25% e 30%, em seis meses. O produtor comprou parte do adubo em
maio e o restante no início de novembro.
– Em maio, eu
comprei uma parte do adubo, o super simples paguei R$ 700. Esta semana, comprei
a R$ 860 por tonelada. O MAP, paguei R$ 1.400 a tonelada em maio, esta semana complementei
o que precisava a R$ 1.660. A ureia R$ 1.100, agora R$ 1.380, isso é um absurdo
– reclama o produtor.
O presidente
do Sindicato Rural de Cristalina, em Goiás, faz os cálculos da atual relação de
preços entre commodities e fertilizantes.
– Quando nos
tínhamos a soja balizada a US$ 13, US$ 14 por bushel, o preço dos fertilizantes
não era tão representativo. Agora, com a soja entre US$ 9 e US$ 10 por bushel,
o preço dos fertilizantes pode ser significativo na composição dos custos. O
resultado para o produtor é baixo rendimento, ou até preço que não remunere os
custos – explica Alécio Maróstica, presidente do Sindicato.
Nas últimas
três safras, o preço dos grãos foi favorável e subiu mais do que o custo dos
fertilizantes. Mas agora a situação se inverteu e os produtores estão se
preparando para fechar as contas aplicando os insumos na dose certa e
escalonando as compras do adubo. Com este cenário, volta para o centro do
debate a dependência do Brasil, que importa cerca de 78% dos fertilizantes que
consome.
O diretor da
Associação dos Misturadores de Adubos do Brasil (Ama Brasil) espera que os
investimentos em novas fábricas, dos principais fertilizantes, entrem em
atividade no país, mas faz um alerta: reduzir a dependência das importações não
significa redução nos preços.
– Vai demorar
10 anos para você instalar uma indústria nacional. O produtor não vai deixar de
ser abastecido, pelo preço do mercado internacional. Mesmo que você venha a
produzir no Brasil, a indústria nacional vai fornecer ao produtor ao preço do
mercado internacional. Essa não é uma grande preocupação para o produtor, que
precisa do produto a tempo e na hora, a um preço competitivo no mercado
internacional – sinaliza Carlos Florence, diretor da Ama Brasil.
FONTE: Canal
Rural