João Paulo Tadeu Dias¹
A pimenta, o pimentão, a berinjela e o jiló são hortaliças tipo fruto da família solanaceae. A pimenteira (Capsicum spp.) é uma planta perene e de cultivo anual. Sua origem é americana, com formas silvestres ocorrendo desde o sul dos Estados Unidos até o norte do Chile, além da região Amazônica, incluindo o Brasil.
Os
principais estados produtores são: Minas Gerais, Goiás, São Paulo,
Ceará e Rio Grande do Sul. Existe uma grande diversidade e tipos de
pimentas (Figura 1), com diferentes tamanhos, cores, sabores, ardume
e nomes. Com menor produção, mas importantes nessa espécie,
existem as pimentas ‘Bode’ ou ‘pimentas de bode’ (Figura 2),
cultivada principalmente na região Centro-Oeste do Brasil, e a
‘Murupi’, cujos principais produtores são os estados do Amazonas
e do Pará.
A
pimenta ‘Malagueta’ é cultivada em todo o país, contudo,
destacam-se as produções dos estados de Minas Gerais, Bahia e
Ceará. Neste último, há grandes áreas com cultivo da
‘pimenta-tabasco’, da espécie C. frutescens a mesma
espécie da pimenta ‘Malagueta’. As pimentas mais conhecidas como
‘Jalapeño’ e ‘Cayenne’ são bastante cultivadas,
principalmente, em São Paulo, Minas Gerais e Goiás. A
‘pimenta-cumari’ ou ‘Passarinho’ é cultivada na região
Sudeste do país.
As
‘pimentas-de-cheiro’ (Figura 3), cultivadas principalmente no
Norte do Brasil, destacam-se pela grande variedade de cores dos
frutos, que vão de amarelo, amarelo-leitoso, amarelo-claro, amarelo-
forte, alaranjado, salmão, vermelho e até preto (Rufino e Penteado,
2006). A maioria das espécies e variedades disponíveis no mercado
pode ser cultivada em consórcio.
Existe
uma enorme diversidade de tipos de pimentas e até algumas pouco
conhecidas e estudadas. Há algumas destinadas exclusivamente à
ornamentação, plantas selecionadas ou melhoradas para este fim e
que não têm características apropriadas para consumo. Existem
aquelas selecionadas tanto para alimentação quanto para a
ornamentação.
A
pimenta é de origem tropical, crescendo e desenvolvendo-se melhor
sob temperaturas amenas ou elevadas, não tolerando baixas
temperaturas ou geadas. Entretanto, a planta adulta é mais
resistente ao frio que na fase de muda.
Uma
diferença em torno de 6 ºC entre temperaturas diurnas e noturnas é
favorável ao desenvolvimento da planta. A germinação do embrião
da semente, a emergência da plântula e o desenvolvimento das mudas
podem ser conseguidos em casa de vegetação (ambiente protegido e
com temperatura mais elevada).
A muda
pode ser adquirida em supermercados, viveiros, lojas especializadas
em jardinagem ou horticultura, contudo a procedência e qualidade,
sobretudo fitossanitária pode não ser adequadas. Prefira sementes
de empresas ou produtores idôneos e consagrados pela qualidade
fitossanitária (livre de pragas e doenças). Normalmente, a
semeadura é feita em bandejas de isopor de 128 células e depois
transplantadas para o local definitivo, seja ele campo, jardim, horta
ou vaso.
Tradicionalmente,
o plantio é efetuado na primavera-verão, contudo, pode ser
realizado ao longo do ano em regiões de baixa altitude, com inverno
ameno. O cultivo no outono-inverno permite colheita no período de
entressafra, auferindo maiores lucros.
A
pimenteira pode ser cultivada em vasos, instalados em pequenos
ambientes, como dentro de casa. Há uma grande variedade de vasos,
quanto a forma, tamanho e cores. Se o vaso for grande (14 litros ou
mais), cultive diversas pimenteiras. Entretanto, se for pequeno,
prefira somente uma planta. O solo adequado é de textura média (nem
argiloso, nem arenoso). A adubação orgânica, especialmente com
esterco animal curtido é benéfica e deve ser incorporada e
misturada ao solo, algumas semanas antes do plantio.
Com o
desenvolvimento da pimenteira, o sistema radicular também cresce e
pode se enovelar no fundo do vaso, além dos nutrientes do substrato
(solo + adubo orgânico) exaurir-se com o passar do tempo, o que
torna necessário um novo plantio. Pode ser feito transplantio da
planta para outro vaso ou campo, todavia danos à planta e,
sobretudo, às raízes, podem comprometer a pimenteira, não sendo
recomendado.
Além
disso, alguns cuidados devem ser dispensados a planta como: a
irrigação deve sempre manter o solo úmido, evite excesso ou falta
de água; em plantas com grande carga de frutos, pode ser feito um
tutoramento, fincando-se no solo uma estaca de bambu fina ao lado da
planta e procede-se o amarrio deixando um pequeno espaço para o
crescimento da planta; pequenas podas e/ou desbrotas (retirada de
excessos de brotos) podem ser feitas de modo a conduzir o crescimento
da planta e beneficiar a produção de frutos; manter o solo livre de
plantas daninhas;
A
colheita de plantas cultivadas a campo inicia-se aos 100-140 dias da
semeadura, podendo prolongar-se por 100 dias ou mais, dependendo da
variedade. Já em outras condições, como no caso do campo, horta ou
vaso, pode ser variável. Pode ser feita a seleção e colheita de
frutos maiores, deixando os menores para que cresçam e desenvolvam.
Dependendo
do estado nutricional e fitossanitário das plantas, a cultura poderá
permanecer no local por um segundo ano, apesar de produzir menos e
ocorrer perda de qualidade dos frutos. Por essas razões,
recomenda-se a renovação a cada ano.
Referências:
FILGUEIRA,
F. A. R. Novo manual de Olericultura: Agrotecnologia moderna
na produção e comercialização de hortaliças. 3 ed. Viçosa, MG:
Editora UFV, 2008, 421 p.
PENTEADO,
D. C. S.; RUFINO, J. L. S. Importância econômica, perspectivas e
potencialidades do mercado para pimenta. In: EPAMIG Cultivo da
pimenta. Belo Horizonte-MG, v.27 n.235, nov./dez. 2006, 108 p.
(Informe Agropecuário).
¹Doutor em Agronomia (Horticultura), Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Br 158, Km 655 - Antiga FAB - Nova Xavantina - MT. CEP 78690-000 Caixa postal 08, contato: diasagro2@gmail.com