Robson de Andrade Santos; Welinton Brandão
O sisal
(Agave sisalana pierre) foi introduzido na Bahia, mais
especificamente, no município de Santaluz, localizado na região
sisaleira, por volta de 1910. Porém, só passou a ser explorado
comercialmente a partir do final da década de 30. Sua adaptação às
condições edafoclimáticas da região semiárida do nordeste, onde
as opções de cultivo são limitadas, confere ao sisal uma grande
importância socioeconômica, gerando emprego (estima-se que,
aproximadamente, 700 mil agricultores familiares cultivam o sisal em
suas propriedades) e renda em uma das regiões possuidoras do IDH
(0,589) mais baixo do Estado da Bahia. Ademais, uma série de postos
de trabalho são gerados nas outras etapas da cadeia, geralmente nos
centros urbanos.
No
Estado da Bahia, estima-se que a produção da fibra de sisal
aproxima-se de 140 mil toneladas ano, sendo cultivados em 68
municípios, alguns desses com maior expressão em termos de
produção, como por exemplo: Conceição do Coité, Santaluz,
Valente, Araci, dentre outros. No entanto, a produtividade média por
hectare é de aproximadamente 1200 kg/ha. Ressalte-se que esta
produtividade ainda é baixa, quando comparada à de outras regiões
do nordeste brasileiro e, principalmente, aos índices de
produtividade encontrados na Tanzânia e Kenya, superiores a 2800
kg/ha.
Atualmente
a Bahia é responsável por 90% da produção de fibra de sisal do
Brasil, seguida pelos estados da Paraíba e Pernambuco. Na Bahia, a
produção de sisal concentra-se na região denominada “região
sisaleira”. A maior parte da fibra de sisal é destinada para o
mercado externo, seja na forma de fibra bruta, seja na forma
manufaturada.
Os
genótipos A. sisalana ou sisal comum e o Híbrido 11648, são os
mais utilizados, porém a Agave sisalana é responsável por 95% do
sisal cultivado no Território. Causada pelo fungo Aspergilo
ninger, a podridão vermelha é a principal doença do sisal e
que vem trazendo sérios prejuízos pra o arranjo produtivo. Um dos
principias métodos de disseminação da doença é o plantio de
mudas já contaminadas pelo fungo, bem como a utilização, no
momento da colheita, do mesmo utensílio utilizado na colheita tanto
para a planta sadia quanto para a contaminada, sem nenhuma medida de
desinfecção.
Como
medida de controle para plantios já existentes, deve-se retirar a
planta contaminada, queimando-a em seguida. Já para novos plantios,
recomenda-se o plantio utilizando rebentões oriundos de campos
livres de infestação da doença ou a utilização de mudas
produzidas a partir do bulbilho, emitidos no final do ciclo de vida
da planta. Ambas as recomendações são preconizadas por
pesquisadores da doença, assim como por técnicos da Agência de
Defesa Agropecuária do Estado – ADAB.
A
colheita é realizada manualmente, por trabalhadores utilizando uma
faca. Em seguida as folhas de sisal são transportadas no lombo de
um animal até o local onde se encontra o motor desfibrador (ou
“motor paraibano”, como é conhecido). No desfibramento remove-se
a parte verde da folha, restando a fibra em estado úmido.
Já
desfibradas, as fibras em estado úmido são levadas e estendidas nos
varais, permanecendo sob a luz solar por um período de 72 horas,
para que ocorra o processo de secagem uniforme. Após a secagem, a
fibra deve apresentar umidade entre 10 e 13 %, sendo um dos
parâmetros avaliados na compra do sisal. Na sequência, as fibras
são enfardadas e transportadas pelos agricultores até a unidade de
beneficiamento. Nesse momento, são classificadas em função do
tamanho e qualidade e, em seguida, são submetidas ao beneficiamento,
utilizando a máquina conhecida como “batedeira”, onde são
removidas as impurezas aderidas às fibras, deixando-as com aspecto
brilhoso. Após essa etapa, as fibras são organizadas em fardos de
aproximadamente 250 kg, identificados segundo normas do Ministério
de Agricultura e Abastecimento (MAPA) e comercializados para as
indústrias da Bahia, para outros estados ou para o mercado
internacional. Uma pequena quantidade de fibra é destinada às
cooperativas ou associações de artesanato de sisal.
Na
indústria, a fibra de sisal é transformada em diversos tipos de
fios, cordas, tapetes, capachos, mantas de sisal. Segundo dados do
sindicato de fibras, 60% do sisal produzido é exportado na forma de
fibra bruta e manufaturados. Dentre os fios destaca-se, em termos de
produção, o fio agrícola (baler twine), responsável por 60% do
destino da fibra de sisal produzida na Bahia. Atualmente
comercializado no mercado interno, nos principais estados do Sul, em
especial, o Paraná e Rio Grande do Sul, no Sudeste, destacando-se
São Paulo, em alguns estados do Centro-oeste, onde destaca-se o
Estado do Goiás e Nordeste, sendo o Estado de Pernambuco um pólo de
distribuição para os demais estados do Nordeste. No mercado
externo, é comercializado para a Ásia, Europa e, principalmente,
para a América Central. Os tapetes e capachos: ambos podem ser
encontrados em diversas tramas e acabamentos especiais, a exemplo das
bordas de couro e suas diversas cores. O principal mercado é o
internacional, atendendo alguns países da Europa, como França,
Espanha e Alemanha. No entanto, o mercado interno vem apresentando
crescimento significativo, principalmente nas grandes capitais do
Brasil. As Mantas de sisal são utilizadas na produção de estofados
e mantas para sela de montaria. O principal mercado consumidor está
nos estados do Sudeste e Centro-Oeste.
O
Artesanato é responsável pela produção de bolsas, tapetes manuais
de macramê e tricô, descansadores para panelas, porta jóias, porta
material didático, etc. Após melhorias no design e qualidade do
acabamento, o artesanato de sisal baiano vem abrindo novos mercados,
sendo encontrado nas principais lojas de decoração de Salvador,
assim como, em outras capitais do país.
A
utilização desse resíduo na forma de feno, silagem ou amonizado,
como ração para produção de leite ou carne, e, principalmente,
para a sustento dos animais no período de estiagem é uma prática
ainda pouco utilizada por agricultores da região sisaleira da Bahia.
Normalmente, esse resíduo é deixado amontoado nos campos de sisal.
Para a
utilização na alimentação de ruminantes é necessária a extração
dos restos de fibra de sisal presentes na mucilagem, oriundos da má
regulagem da máquina desfibradora. Para isso, utiliza-se um
equipamento chamado “gaiola giratória”.
Nos
últimos anos, pesquisas estão sendo realizadas objetivando
potencializar a utilização desse subproduto, adicionando aditivos
nutricionais (uréia, soja, milho, etc) associados à forma de
armazenamento e utilização, a fim de elevar os valores nutricionais
desse alimento. Para
obter mais informações técnicas sobre o cultivo do sisal e suas
finalidades, clique aqui e baixe o material disponibilizado pela
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.
FONTE:
Agência Embrapa de Informação Tecnológica