O Ministério
do Meio Ambiente (MMA) está traçando os contornos gerais para uma política
pública voltada aos polinizadores. O assunto foi discutido por
especialistas na área, pesquisadores de universidades e de organismos
internacionais e sociedade civil organizada nos dias 30 e
31/03/2015, em Brasília, durante o seminário Projeto GEF Polinizadores
Biodiversidade e Agricultura.
“A idéia é
aproveitar toda experiência adquirida, usando-a como pedra fundamental para uma
política de valorização e retorno da conservação dos polinizadores do Brasil”,
explicou o secretário Substituto de Biodiversidade e Florestas, Sérgio Collaço,
na abertura do encontro. São três linhas mestras de trabalho: controle de
agrotóxico para evitar impacto nas espécies polinizadoras; reverter e evitar
perda das espécies de polinizadores; e conseguir avançar com tecnologias para o
uso econômico dos polinizadores.
PREOCUPAÇÃO
O
representante da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura
(FAO Brasil), Alan Jorge Bojanic, demonstrou grande preocupação com a perda de
polinizadores. “Os polinizadores são fundamentais para a biologia e para o
mundo inteiro”, disse. “Esse projeto tem sido importante para gerar informações
úteis que nos oriente.”
Os
polinizadores evidenciam a forte relação entre proteção da biodiversidade e
produção agrícola. “Alguns resultados mostram aumento de produção de 60 ou 70%”,
afirmou Rosa Lemos, representante do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade
(Funbio). “É inegável o valor que eles têm para a produção agrícola.”
O Projeto
Global GEF/PNUMA/FAO Conservação e Manejo de Polinizadores para uma Agricultura
Sustentável através da Abordagem Ecossistêmica começou a ser executado em 2010
e termina no final do ano. Visa melhorar a segurança alimentar e nutricional e
os modos de vida, por meio da conservação e do uso sustentável dos
polinizadores.
Foi implantado
em sete países: Brasil, África do Sul, Gana, Índia, Nepal, Paquistão e Quênia.
No Brasil, muitas atividades foram apoiadas e implantadas pelo projeto, com
destaque para os estudos em áreas de cultivo de algodão, caju, canola,
castanha-do-brasil, maçã, melão e tomate.
SAIBA MAIS
Segundo a
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), polinização é a
transferência de grãos de pólen das anteras de uma flor para o estigma (parte
do aparelho reprodutor feminino) da mesma flor ou de outra flor da mesma
espécie. As anteras são os órgãos masculinos da flor e o pólen é a gameta
masculino. Para que haja a formação das sementes e frutos é necessário que os
grãos de pólen fecundem os óvulos existentes no aparelho reprodutor feminino.
A
transferência de pólen para o estigma pode ocorrer das anteras para o estigama
da mesma flor ou de flor diferente, mas na mesma planta (autopolinização) ou
pode ser feita de uma flor para outra em plantas diferentes (polinização
cruzada).
A
transferência de pólen pode ser através de fatores bióticos, ou seja, com
auxílio de seres vivos, ou abióticos, através de fatores ambientais, esses
fatores podem ser: vento (Anemofilia), água (Hidrofilia); insetos
(Entomofilia), morcegos (Quiropterofilia), aves (Ornitofilia).
Para atrair os
agentes polinizadores bióticos as espécies vegetais oferecem recompensas,
pólen, néctar, óleos ou mesmo odores, utilizadas na alimentação ou reprodução
dos animais. Contudo, nem todos os animais que procuram as recompensas atuam
como polinizadores efetivos, muitos visitantes são apenas pilhadores
oportunistas, que roubam a recompensa sem exibir um comportamento adequado para
realizar uma polinização eficiente.
Anos de
co-evolução entre planta e agente polinizador, favoreceram umas adaptações
morfológicas, fisiológicas e comportamental, que algumas vezes tiveram como
consequência uma dependência tão estreita que a extinção de um leva a extinção
do outro.
Na maioria dos
ecossistemas mundiais, as abelhas são os principais polinizadores. Estudos
sobre a ação das abelhas no meio ambiente evidenciam a extraordinária
contribuição desses insetos na preservação da vida vegetal e também na
manutenção da variabilidade genética.
Estima-se
existir cerca de 20 mil espécies de abelhas. Contudo este número pode ser duas
vezes maior, sendo necessário realizar estudos de levantamento das abelhas e as
interações abelha-planta nos diversos biomas. Entretanto, devido à redução das
fontes de alimento e locais de nidificação, ocupação intensiva das terras e uso
de defensivos agrícolas, as populações de abelhas silvestres têm sido reduzidas
drasticamente, colocando em risco todo o bioma em que vivem. Uma das
dificuldades em se promover a conservação das abelhas é a falta de conhecimento
sobre as mesmas.
Nas regiões
tropicais, as abelhas sociais (Meliponina, Bombina e Apina) estão entre os
visitantes florais mais abundantes. No Brasil, as abelhas sem ferrão
(Meliponina) são responsáveis pela polinização de 40 a 90% das espécies
arbóreas. Dessa forma, a preservação das matas nativas é dependente da
preservação dessas espécies.
FONTE: Adaptado de Rafaela
Ribeiro – Editor: Marco Moreira – Ministério do Meio Ambiente