PRESENÇA DO AGRÔNOMO É OBRIGATÓRIA

Assim como uma academia tem que ter um profissional de educação física e uma farmácia um farmacêutico, toda propriedade rural tem que ter um engenheiro agrônomo responsável. É a presença do agrônomo que poderá garantir que os protolocos de produção estão sendo seguidos e estão dentro da conformidade, consequentemente, os alimentos seguros.
Entretanto, 211 imóveis rurais foram autuados no ano passado, em três operações desencadeadas pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea/MT), devido a ausência do responsável técnico ou da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). No total, 908 áreas foram fiscalizadas.
“Todas as propriedades têm que ter o engenheiro agrônomo responsável pela produção do alimento. É ele que vai verificar se todos os procedimentos estão em conformidade, ou seja, se a quantidade de molécula de agrotóxico é a ideal ou necessária para aplicar na lavoura, se o manejo do solo está adequado e se todas as práticas estão de acordo com a legislação ambiental”, informou o presidente da Associação dos Engenheiros Agrônomos de Mato Grosso (AEA/MT), João Dias Filho.
No Estado, são aproximadamente 40 mil propriedades rurais. Pela amostragem, é possível estimar que entre 10% a 20% possuem alguma irregularidade. AEA/MT é uma instituição ligada ao CREA, que conta com 481 associados. Em todo o Estado, atuam pouco mais de 4 mil engenheiros agrônomos.
Conforme Filho, mais 15 operações estão programadas para acontecer no decorrer deste ano. A intenção é atingir 4.300 imóveis em todo o Estado. “Então, o produtor tem que ficar atento para que não seja pego de surpresa sem o profissional responsável pela sua produção”, alertou. As operações serão realizadas em conjunto com a Aprosoja, Famato e Acrimat.
Na falta do engenheiro ou da ART é aplicada multa. No primeiro caso, o valor é da ordem de R$ 15 mil. Já ausência da ART fica por pouco mais de R$ 500,00. A obrigatoriedade está prevista na lei 5.194/66, que regula o exercício da profissão. De acordo com Filho, pesquisas mostram que quando a propriedade conta com o responsável técnico são empregados todos os parâmetros e protocolos estabelecidos para a lavoura, seja ela, de arroz, milho, soja, feijão, cana-de-açúcar, entre outras. “É o engenheiro agrônomo que vai recomendar e fazer o receituário agronômico para poder utilizar os produtos de baixo impacto para a saúde humana e animal também”, destacou.
Dentro deste contexto, ele lembra que a segurança alimentar envolve várias etapas. A primeira delas passa por uma agricultura socialmente e ambientalmente correta. A segunda é a produção de alimentos seguros, livres de contaminantes biológicos e de pesticidas ou com certa quantidade que realmente não seja significante e que não cause danos para à saúde. A partir daí, o transporte, armazenamento e o processamento.


FONTE: Joanice de Deus - Diário de Cuiabá

INFOGRÁFICO - SOLOS SAUDÁVEIS SÃO A BASE PARA A PRODUÇÃO DE ALIMENTOS DE QUALIDADE


INFOGRÁFICO - O SOLO É UM RECURSO NÃO RENOVÁVEL


FRUTAS DO CERRADO

João Paulo Tadeu Dias1

O Cerrado ocupa uma área de 204,7 milhões de hectares na região central do Brasil, engloba parte dos estados da Bahia, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Piauí, São Paulo e Tocantins (IBGE, 2004). É uma das mais ricas savanas do planeta, com um grande número de espécies que só ocorrem nesse bioma. Tanto a flora quanto a fauna possuem uma diversidade enorme. A agricultura, se mal conduzida nos Cerrados pode tornar-se uma grande ameaça, tendo em vista que é uma atividade lucrativa e sua expansão é acelerada (Klink, Machado, 2005). Em trabalho realizado por Sano et al. (2008), aproximadamente 39,5% do Cerrado apresentaram algum tipo de uso agrícola da terra, especialmente com pastagens cultivadas e culturas agrícolas, com 26,5 e 10,5%, respectivamente.

      As frutíferas nativas do Cerrado merecem destaque, apesar de ser uma riqueza pouco conhecida pela população em geral. Constitui uma importante fonte alimentar, nutricional, terapêutica (possuem diversos nutrientes e substâncias benéficas a saúde), fonte de renda e participa da riqueza cultural dos povos tradicionais, em especial, assentados, indígenas e agricultores familiares da região central do Brasil.
Frutíferas, como por exemplo, o pequizeiro, o araticunzeiro, o cajueiro-do-cerrado, a mutambeira e a mama-cadeleira têm importância singular para as comunidades da região. O pequizeiro é uma planta arbórea, da família Caryocaraceae, com cerca de vinte espécies. As folhas são alternas trifoliadas, pecíolo de 5 a 15 cm de comprimento, folíolos largamente elípticos, de 8 a 20 cm de comprimento e 5 a 12 cm de largura, os dois laterais geralmente menores e ligeiramente assimétricos, face inferior cheia de pelos, base subarredondada, margens serreadas ou crenadas e nervação evidente. 
O fruto do pequi (Figura 1) é drupóide, de cor verde, depresso-globoso, com epicarpo (casca) coriáceo-carnoso, contendo de uma a quatro sementes, envolvido pelo mesocarpo (polpa) amarelo-claro, pastoso e oleoso. O comprimento do fruto (caroço) varia de 6 cm a 14 cm e o diâmetro de 6 cm a 10 cm, com massa variando entre 100 g a 300 g. O endocarpo é lenhoso e espinhoso, as sementes são reniformes. Possui sabor e cheiro incomuns, comestível depois de cozida, os caroços e a polpa são levadas ao fogo juntamente com feijão ou arroz, além de ser consumido puro, com farinha ou mesmo, as pessoas gostam de roer diretamente o caroço, o que deverá ser feito com cautela, a fim de não atingir os rígidos e finos espinhos recobertos pela polpa (Vera et al., 2005; Cavalcante, 2010).  
Existem diversas espécies de araticunzeiro, porém em geral é uma pequena árvore de 15 m de altura, com ramificações baixa e folhagem densa. Folhas simples, alternas, verde-escuras e brilhosas na face superior, de até 25 cm de comprimento e oito centímetros de largura. O fruto de uma das espécies encontradas no Cerrado, conhecido popularmente como araticum-cagão (Anonna cacans), apresentado na figura 2 é um sincarpo oviforme ou arredondado, até 26 cm de comprimento e 15 cm de diâmetro, casca verde, ornada de minúsculos apículos carnosos, polpa brancacenta ou amarelada, macio-fibrosa, mucilaginosa, de cheiro ativo, sementes numerosas, com cerca de 1,5 cm, marrom-amareladas. Os frutos são de sabor bem inferior ao da graviola (seu parente próximo), podem geralmente ser consumidos com açúcar (Cavalcante, 2010). Roesler et al. (2007) concluíram que casca de pequi, além da semente e casca de araticum, assim como, outras frutas do Cerrado possuem excelente capacidade de seqüestrar radicais livres, ou seja, atividade antioxidante e que, se houverem estudos adicionais, podem ter potencial aplicação nos setores nutricionais, farmacêuticos e  cosméticos.
O cajueiro (Anacardium humile) é um arbusto ou pequena árvore de 3 a 8 m de altura e, quando adulto o tronco torna-se inclinado, com ramos irregulares e alguns chegando a rastejar e enraizar no solo. As folhas são alternas, simples, coriáceas, de 6 a 25 cm de comprimento e 5 a 15 cm de largura. O fruto (castanha) é um aquênio reniforme, de 3 a 5 cm, com mesocarpo resinoso, preso a um pedúnculo espessado e carnoso (pseudofruto, a parte comestível) de cor amarela ou vermelha e tamanho variado (Figura 3). O tradicional é o consumo da castanha assada e salgada, assim como do pseudofruto em forma de suco natural, além de ser processado na forma de concentrados, desidratados, doces cristalizados, vinhos e destilados (Cavalcante, 2010).
A mutambeira (Guazuma ulmifolia) é uma árvore de 8 a 16 m de altura, caule de coloração verde-escura e folhas pecioladas, com nervura principal e secundária, limbo com margem dentada. O fruto (Figura 4) é uma cápsula loculicida globoso, de coloração preta, com faixas estreitas e superfície muricada. Semente de coloração acinzentada e formas variadas, envolta pela testa que quando umedecida torna-se gelatinosa. Planta frutífera utilizada para recuperação de áreas degradadas (Lorenzi, 2002; Paiva Sobrinho; Siqueira, 2008).
A mama-cadela ou algodãozinho (Brosimum gaudichaudii) é uma espécie arbórea que ocorre nos Cerrados e Cerradões do Brasil. Os frutos são do tipo drupa, reunidos em infrutescência globosa, amarelo-alaranjada quando madura. A superfície dos frutos é verrucosa com polpa carnosa, sabor adocicado e comestível, enquanto que as sementes são de coloração creme, podendo haver de uma a duas sementes por fruto. 
        A mama-cadela é empregada no consumo de fruta fresca, madeira e celulose na construção civil ou indústria de papel, além de uso medicinal (extraída furanocumarina, substância que provoca a repigmentação das áreas da pele afetadas pelo vitiligo). As raízes são utilizadas como diurético, no tratamento de hepatite, como depurativo do sangue e para a desintoxicação; a casca da raiz é utilizada como aromatizante e ainda suas folhas (Figura 5) podem fazer parte da dieta de bovinos (Lorenzi, 2002; Lorenzi; Matos 2002; Silva Junior, 2005; Faria et al., 2009).
As frutas do Cerrado têm singular importância na diversidade biológica do bioma, ser fonte de alimentos e de componentes com ações nutricionais e medicinais, além de ser uma alternativa geradora de divisas comerciais para as populações tradicionais da região central do Brasil.

REFERÊNCIAS

CAVALCANTE, P. B. Frutas comestíveis na Amazônia. Paulo B. Cavalcante: texto revisado por Ricardo S. Secco. – 7. Ed. Rev. Atual. – Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi, 2010. 282 p.

FARIA, R.A.P.G. et al. Características biométricas e emergência de plântulas de Brosimum gaudichaudii Tréc. oriundas de diferentes procedências do cerrado mato-grossense. Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.11, n.4, p.414-421, 2009.

IBGE. Mapa de biomas do Brasil. Escala 1:5.000.000. Rio de Janeiro: IBGE, 2004. Disponível em: http://www.mma.gov.br/estruturas/sbf_chm_rbbio/_arquivos/mapas_cobertura_vegetal.pdf. Acesso em: 24 out. 2014.

KLINK, C. A.; MACHADO, R. B. A conservação do Cerrado brasileiro. Megadiversidade, v. 1, n. 1., p. 147-155, 2005.

LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. 2 ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. v. 2, 368p.

LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa: Plantarum, 2002. 512p.

ROESLER, R. et al. Atividade antioxidante de frutas do cerrado. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, v. 27, n.1, p. 53-60, 2007.

SANO, E. E. et al. Mapeamento semidetalhado do uso da terra do Bioma Cerrado. Pesq. agropec. bras., Brasília, v.43, n.1, p.153-156, 2008.

SILVA JUNIOR, M. C. 100 Árvores do Cerrado: guia de campo. Brasília, DF: Sementes do Cerrado. 2005, 278 p.

SILVA, M. R. et al. Caracterização química de frutos nativos do cerrado. Ciência Rural, v.38, n.6, p. 1790-1793, 2008.

PAIVA SOBRINHO, S.; SIQUEIRA, A. G. Caracterização morfológia de frutos, sementes, plântulas e plantas jovens de mutamba (Guazuma ulmifolia Lam. – Sterculiaceae). Revista Brasileira de Sementes, v. 30, n. 1, p.114-120, 2008.

SOUZA, C. D.; FELFILI, J. M. Uso de plantas medicinais na região de Alto Paraíso de Goiás, GO, Brasil. Acta botanica brasilica, v. 20, n.1, p. 135-142. 2006.

VERA, R. et al. Caracterização física de frutos de pequizeiro (Caryocar brasiliense Camb.) no estado de Goiás. Pesquisa Agropecuária Tropical, v. 35, n. 2, p. 71-79, 2005.

¹Doutor em Agronomia (Horticultura), Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Br 158, Km 655 - Antiga FAB - Nova Xavantina - MT. CEP 78690-000 Caixa postal 08, contato: diasagro2@gmail.com

CEPEA: PIB DO AGRONEGÓCIO CRESCE 1,6% EM 2014, CHEGANDO A R$ 1,18 TRILHÃO

         O agronegócio encerrou 2014 com resultados abaixo do que se esperava. Cálculos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, com apoio da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), mostram que a expansão no ano foi de 1,59%, significativa frente aos resultados que devem ser divulgados para a economia como um todo, mas bem abaixo dos 5,22% estimados para o agronegócio em 2013. A preços reais, o PIB do agronegócio foi de R$ 1.178,87 milhões (1 trilhão, 178 bilhões e 870 milhões de reais).
         Pesquisadores do Cepea explicam que as expectativas de maior crescimento foram frustradas pela sucessão de resultados negativos no ramo formado pelas cadeias produtivas baseadas na agricultura ao longo do segundo semestre. O único segmento deste setor que acumulou modesto crescimento, de 0,15%, foi o primário ou “dentro da porteira”, impulsionado pelo aumento de 3% do volume de produção, uma vez que, os preços recuaram 2,23% na comparação com 2013. É justamente na diminuição dos preços de culturas como soja, milho, trigo, cana e algodão que se encontra a explicação para a queda de 0,75% faturamento da agricultura como um todo (compreendendo os segmentos de insumos, primário, processamento e de serviços). A preços reais, o PIB do ramo agrícola em 2014 foi de R$ 800,57 bilhões, contra R$ 806,59 bilhões em 2013.
Em situação bem diferente, a pecuária se manteve em ritmo firme, com expansão sucessiva de todos os seus segmentos. O crescimento do PIB do segmento primário chegou a 8,33%, motivado em especial pelo aumento dos preços. Somente a avicultura teve preços médios inferiores aos de 2013, mas contou com algum crescimento do volume produzido. No ano, o PIB do ramo pecuário (abrangendo os segmentos de insumos, primário, industrial e de serviços) chegou a R$ 378,30 bilhões, avanço de 6,9% diante dos R$ 353,84 bilhões do ano anterior.
Com variações mensais negativas e/ou pouco expressivas, a agroindústria nacional (abrangendo a indústria de processamento dos ramos pecuário e agrícola) acumulou baixa de 0,32% em 2014. Conforme pesquisadores do Cepea, esse resultado ruim refletiu o desempenho das atividades de processamento vegetal (-0,96%), já que, para a indústria da pecuária, o cenário foi bastante favorável (+3,88%). No caso da agroindústria agrícola, das dez atividades acompanhadas, apenas três acumularam alta no ano: celulose, papel e gráfica, etanol e café. Para as demais, recuos de preços e/ou produção pesaram sobre o faturamento no período, sendo que as indústrias de óleos vegetais e açucareira apresentaram os piores resultados. Na indústria de base pecuária, a significativa valorização das carnes bovina e suína favoreceu o bom desempenho do segmento.
A equipe Cepea lembra que o contexto macroeconômico de 2014 foi marcado por inflação em alta e baixo crescimento econômico. As expectativas de movimentação monetária em relação à Copa do Mundo não se confirmaram e, no segundo semestre, as incertezas se acentuaram, requerendo constantes revisões para baixo das expectativas de crescimento do PIB. A perda de confiança foi marcante em todos os setores, comentam os pesquisadores.
Na avaliação do professor Geraldo Barros, coordenador do Cepea e responsável pelos cálculos do PIB do Agronegócio Cepea/CNA, “os desafios que o País enfrentará em 2015 vão se mostrando maiores do que se imaginava até pouco tempo atrás, e o agronegócio pode ser o grande condicionante do desempenho da economia brasileira. Representando 23% do PIB nacional, ele pode ser o único setor com crescimento mais expressivo diante da indústria claudicante e dos serviços em processo de exaustão.” No dia 27 de março, o IBGE deve divulgar nova série do PIB brasileiro e, com isso, deve ser alterada a participação do agronegócio.

FONTE: CEPEA/ESALQ

INFOGRÁFICO DESTACA A IMPORTÂNCIA DA AGRICULTURA FAMILIAR NO BRASIL

       
        Com uma participação de apenas 24,3% da área plantada no país, a agricultura familiar tem grande relevância para a geração de empregos e o abastecimento interno. Hoje 70% dos alimentos que estão na mesa dos brasileiros são produzidos por esses produtores, que também detêm 77% da mão de obra do campo e que possuem o maior número de propriedades rurais, segundo dados compilados pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).
      A instituição, porém, alerta para os desafios impostos pela necessidade de ganhar maior produtividade e reduzir os danos ambientais provocados pelo segmento, em um cenário de crescimento expressivo da demanda mundial por alimentos. Por isso, elenca, no relatório “Financiamento para Pequenos e Médios Produtores Rurais”, lançado esta semana, uma série de programas de financiamento que podem contribuir com o desenvolvimento do setor. 

FONTE: Brasil Econômico

PAÍSES DO MERCOSUL DEBATEM PROGRAMAS DE COMPRAS PÚBLICAS DA AGRICULTURA FAMILIAR

       Representantes do Governo Federal e da sociedade civil do Brasil se reúnem, entre os dias 24 e 27 deste mês de março, com líderes da Argentina, Bolívia, Chile, Equador, Paraguai, Uruguai e Venezuela. O encontro, em Quito, faz parte do II Programa de Intercâmbio de Experiências sobre Modelos de Gestão de Políticas de Compras Públicas da Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar do Mercosul (Reaf).
       A intenção do Programa é promover um processo de intercâmbio entre gestores e representantes de movimentos sociais envolvidos no tema das compras públicas com o objetivo de compor um grupo com conhecimento sobre a realidade regional, ao mesmo tempo em que as discussões contribuem para a estruturação e aprimoramento de políticas neste tema em cada país.
       O diretor do Departamento de Geração de Renda e Agregação de Valor (Degrav) do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Marcelo Piccin, será um dos porta-vozes brasileiros durante o intercâmbio. Para ele, a participação do MDA vai colaborar com a inclusão dos agricultores familiares nos circuitos comerciais e gerar oportunidades para o desenvolvimento dos países. “O Brasil é referência internacional na formulação de políticas públicas. No MDA, temos programas que são símbolos disso, que demonstram a importância dos programas de compras públicas no Brasil e, também, a aptidão dos agricultores familiares nesse processo”.
       Com a experiência dos módulos anteriores, o diretor considera que os programas de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), do Governo Federal, continuarão sendo destaque nas estratégias nacionais de segurança alimentar e nutricional, além de fomentar a produção de alimentos, geração de emprego e renda e ordenamento dos territórios.
       “O PAA possibilita a compra direta da agricultura familiar, de alimentos que foram articulados na distribuição para a rede de proteção e promoção social no Brasil. É um programa que envolve vários ministérios e áreas diferentes do governo com sucesso. Já a aquisição de produtos da agricultura familiar pelo PNAE é um amadurecimento dessa experiência. São 47 milhões de estudantes – mais que toda a população da Argentina – se alimentando melhor e promovendo a qualidade de vida no campo”, salientou.

Agenda de trabalho

       Neste segundo módulo do Programa, haverá um primeiro momento de atualização de informações sobre Brasil, Argentina, Uruguai e Chile. Depois, os participantes vão se aprofundar sobre a experiência do Equador. O terceiro, quarto e quinto módulos do Programa de Compras Públicas da Agricultura Familiar devem ser realizados ainda este ano. Os encontros devem ocorrer no Paraguai, Bolívia e Venezuela, respectivamente.
       “No módulo passado, o grupo compartilhou práticas brasileiras, argentinas, uruguaias e chilenas. Nesse segundo modulo, faremos uma atualização dessas experiências e vamos nos debruçar no que tem feito o governo do Equador. No fim de todas essas rodadas, poderemos sistematizar uma estratégia que atenda todos”, concluiu Piccin.

Exemplos brasileiros

       O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), criado em 2003, e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), regulamentado pela Lei 11.947 de 2009, são programas intersetoriais que buscam efetivar e operacionalizar a associação da produção familiar local e o consumo de alimentos em quantidade e qualidade compatíveis com o conceito de segurança alimentar.
       O PAA estimula a compra de alimentos produzidos pela agricultura familiar, com dispensa de licitação, e os destina às pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional e àquelas atendidas pela rede socioassistencial e pelos equipamentos públicos de alimentação e nutrição. Já o PNAE, após as mudanças feitas na regulamentação em 2009, determina que no mínimo 30% dos recursos repassados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para alimentação escolar devem ser usados para a compra de produtos da agricultura familiar. Assentados da reforma agrária, indígenas e comunidades quilombolas têm prioridade no processo de seleção dos fornecedores.

Reaf Mercosul

       A Reaf foi criada em 2004, por sugestão do governo brasileiro, como órgão assessor do Mercosul para temas relacionados à agricultura familiar. O método de funcionamento está baseado na participação de governos e sociedade civil, que têm direito à voz em todas as instâncias de trabalho da Reunião.
       O objetivo é implementar uma política regional voltada ao fortalecimento da agricultura familiar no âmbito do Mercosul. A iniciativa propõe também contribuir com a integração social, econômica e comercial do Mercado Comum por meio da diminuição das desigualdades no campo e consolidação de programas governamentais para o setor.

FONTE: Ranyelle Andrade – Ministério do Desenvolvimento Agrário

MINISTRO REAFIRMA COMPROMISSO COM A REFORMA AGRÁRIA EM MINAS GERAIS

       Em reunião com representantes de vários movimentos sociais do Triângulo Mineiro, no início da noite de 23 de março de 2015, o ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Patrus Ananias, reafirmou o compromisso do Governo Federal para consolidar a reforma agrária nos próximos quatro anos. "Vamos mobilizar todas as nossas energias e forças para que todas as famílias, hoje acampadas, sejam devidamente assentadas. Não queremos mais nenhuma criança debaixo de lona". O encontro ocorreu no auditório da prefeitura de Uberlândia (MG).
      A reunião contou com a presença de integrantes do Movimento Terra Trabalho e Liberdade (MTL); movimento Popular Pela Reforma Agrária (MPRA); Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST); Movimento Unidos dos Sem Terra (MUST II); Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O prefeito de Uberlândia, Gilmar Machado e o vice-prefeito do município, Paulo Vitiello, também compareceram. No encontro, os movimentos sociais reforçaram a priorização da reforma agrária no Triângulo Mineiro.
       De acordo com o ministro, o MDA e o Incra estão realizando um levantamento para identificar as famílias que serão assentadas em todo o País. "Já foram cadastradas cerca de 60 mil pessoas. Segundo as informações dos movimentos sociais, temos 120 mil pessoas. Então, providenciaremos que as outras 60 mil sejam identificadas. Vamos transformar nossos assentamentos em espaços saudáveis e autossustentáveis, com cidadania", afirmou.
        Ainda no encontro, Patrus ressaltou a importância de criar um fórum de entidades e movimentos sociais para, junto com o MDA, construir uma pauta consensual para a reforma agrária. "Isso será importante para que nossas convergências sejam potencializadas, as diferenças discutidas e, assim, construirmos uma pauta única." 

FONTE: Roberta Paola – Ministério do Desenvolvimento Agrário

O campo é o culpado pela crise hídrica?
  
       Algumas pessoas têm a péssima mania de querer “vilanizar” a agropecuária brasileira, colocando-a como culpada por todas as mazelas ambientais e crises que acontecem em nosso país. A verdade é que o produtor rural deveria ser exaltado como um grande herói, somente pelo fato de carregar nas costas o pouco crescimento econômico que nosso país tem apresentado nos últimos tempos. O ser humano é o único animal terrestre que tem a capacidade de contaminar o solo que o alimenta e suas fontes de água naturais como minas, rios, açudes, córregos e lagoas. E ainda dizem que somos racionais! Não temos sequer o bom senso de chupar uma bala e guardar o plástico ou papel no bolso para descartá-lo adequadamente em uma lixeira, simplesmente o jogamos na rua, que posteriormente será carregado pelas enxurradas e vai parar nas reservas hídricas de nossas cidades.
      Infelizmente, somos um povo sem consciência e na hora do aperto, a única coisa que nos interessa é buscar por culpados. Foi preciso que um sistema de abastecimento como a Cantareira em São Paulo viesse atingir níveis abaixo do mínimo de água, presenciar a redução absurda dos níveis de água na principal nascente do Rio São Francisco, na Serra da Canastra; do Rio Jequitinhonha e das represas de Minas Gerais para que nos preocupássemos um pouco.
A Embrapa confirma que é inédito o nível de seca que estamos presenciando no Brasil e explica que está acontecendo devido a variação no clima da terra, provocada por um ciclo natural nos Oceanos Pacífico e Atlântico, que estão retirando energia da atmosfera e absorvendo em suas águas profundas. Isso reduz a frequência e a força das frentes frias que vem do Pólo Sul para o Sudeste e são responsáveis pelas chuvas regulares que estávamos acostumados. Outro fenômeno que está interferindo na regularidade das chuvas é o bloqueio atmosférico que acontece em razão de uma zona de alta pressão que se forma sobre o Atlântico (mais quente) e impede a entrada das frentes frias, que chegam ao máximo até o estado do Paraná. No inverno, esse bloqueio acontece naturalmente e tende a se dispersar com a chegada do verão, no entanto, isso não aconteceu nos últimos dois anos.
            O secretário de agricultura do estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, afirmou em janeiro desse ano que restringirá o uso de água para a irrigação e afirmou que os pivôs centrais são  tecnologias defasadas, pois “usam muita água para pouco efeito em produtividade”, portanto deverão ser desativados. De onde sai tanta ignorância? Pergunte aos produtores de grãos que não tem sistemas de irrigação se eles estão satisfeitos com as colheitas dessa safra?
         O Campo também tem a sua parcela de culpa, pois, utilizamos a irrigação de maneira irracional e somos responsáveis pela contaminação dos recursos hídricos por agrotóxicos e fertilizantes. Na maioria das propriedades rurais ainda estamos acostumados a realizar uma “molhação” em vez de irrigação propriamente dita. São raras as propriedades que adotam um manejo de irrigação adequado com base nos parâmetros edafoclimáticos e fisiológicos das culturas. Portanto, nossos sistemas são ineficientes não porque estão defasados e sim pela falta de conhecimento técnico daqueles que manejam esses sistemas. Além disso, não temos planejamento estratégico para o aproveitamento das águas das chuvas ou águas residuárias em nossas propriedades rurais.      
Nosso sistema agrícola pode ser um “produtor de água” se adotar sistemas de coleta, tratamento e armazenamento eficazes das águas pluviais; atuarmos na recuperação de nascentes e proteção dos cursos d’água; realizar cultivos conservacionistas como plantio direto, integração lavoura-pecuária-floresta, plantio em nível e uso de terraços, etc. O grande problema é que muitos princípios básicos da teoria acabam sendo ignorados na prática.

VIDA NO CAMPO - ASSISTA NA ÍNTEGRA

AGROECOLOGIA E PRODUÇÃO ORGÂNICA TERÃO NOVO PLANO

A Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (CNAPO) realizou, nesta terça e quarta-feira (17 e 18/03), no Palácio do Planalto, em Brasília, a 10a Reunião Ordinária. Na pauta, entre outros assuntos, as principais metas para o novo Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo) e como essas metas poderão compor o Plano Plurianual (PPA) 2016 a 2020. Um novo eixo temático foi sugerido: reforma agrária e territorialidade, para somar aos já existentes produção, recursos naturais, conhecimento e comercialização.
 A proposta do novo eixo ainda será avaliada, conforme explicou o gerente de Políticas Agroambientais do Departamento de Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Eduardo Soares. A CNAPO é formada por representantes da sociedade civil envolvidos com a produção agroecológica do Brasil e por representantes do governo. Ao MMA cabe o monitoramento de políticas públicas desenvolvidas com povos extrativistas e comunidades tradicionais e aspectos como a relação com a floresta, sua conservação e preservação.

 CRÉDITO

Para o agricultor Ernesto Kasper, da cooperativa de citricultores Ecocitrus de Montenegro (RS) e presidente da Associação Brasileira da Agricultura Familiar Orgânica, Agroecológica e Agroextrativista (Abrabio), o próximo Planapo deveria auxiliar na disponibilização de linhas de crédito para cooperativas. Ele destacou que a Ecocitur já utiliza o gás metano como combustível para veículos da cooperativa e como energia elétrica para usina de compostagem.
“Nesta terça-feira começou a funcionar o gerador que vai zerar a conta de R$ 20 mil que tínhamos de energia elétrica”, comemorou. O gerador de biocombustível foi viabilizado graças à parceria com o consórcio Verde Brasil e a Naturovos, maior produtora de ovos do Rio Grande do Sul. “O esterco de galinha é usado nos biodigestores, que geram biofertilizante e gás metano”, explica Kasper. As 70 famílias cooperadas da Ecocitrus produzem alimentos sem uso de fertilizantes químicos ou agrotóxicos.
 Segundo o gerente de Agroextrativismo do MMA, Gabriel Domingues, está previsto para maio o Seminário Nacional da Sociobiodiversidade. Na ocasião, será debatido um programa nacional do setor. O MMA, junto com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), coordena a subcomissão temática da sociobiodiversidade da CNAPO. De 24 a 31 de maio acontecerá a Semana Nacional de Alimentos Orgânicos em todo o Brasil.

 SEM AGROTÓXICO

O sistema de produção orgânica se baseia em princípios de agroecologia que buscam viabilizar a produção de alimentos e outros produtos necessários ao homem de forma harmônica com a natureza, com relações comerciais e de trabalho justas e valorização da cultura e do desenvolvimento local.
De acordo com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, a CNAPO é fundamental para alcançar o consenso sobre as políticas agroambientais, pois reúne movimentos sociais e governo. “O debate é necessário para buscar uma agricultura saudável, ecológica e ao mesmo tempo produtiva, que garanta a rentabilidade e sustentabilidade dos agricultores”, disse. “Os médicos afirmam que o alto índice de pessoas com câncer está diretamente relacionado com a alimentação envenenada.” Está em andamento na CNAPO o Programa Nacional para Redução do Uso de Agrotóxicos (Pronara).
Já o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, reafirmou o compromisso do governo com o Planapo."Teremos um ato simbólico na próxima semana: a presidenta Dilma vai ao Rio Grande do Sul participar do início da colheita de arroz orgânico do estado, num assentamento da reforma agrária”, destacou. Rossetto lembrou o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) como instrumento para a política de fortalecimento da agricultura orgânica, uma estratégia de segurança e qualidade alimentar para o país.


FONTE: Letícia Verdi – Ministério do Meio Ambiente

APROVADA LEI QUE GARANTE ALIMENTOS ORGÂNICOS PARA MERENDA ESCOLAR EM SÃO PAULO

Maior município do País, São Paulo (SP) vai oferecer, a partir de agora, alimentos da agricultura familiar e produtos orgânicos ou agroecológicos para a alimentação de crianças e adolescentes da rede pública de ensino. Todos os dias, mais de 2 milhões de refeições são ofertadas na capital paulista.
A lei municipal sancionada no dia 18 de março de 2015, fortalece a agricultura familiar e garante alimentação saudável semelhante às compras institucionais realizadas pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). A lei também garante o pagamento até 30% maior para os produtos orgânicos do que para produtos convencionais.
O estado do Paraná e o município de Pouso Alegre (MG) também criaram um marco legal e adotaram a mesma medida para garantir alimentos mais saudáveis para os alunos com a compra de alimentos orgânicos. Desde 2013, a aquisição de alimentos da agricultura familiar para a merenda escolar na capital paulista teve uma alta considerável: subiu de 1% para 17% das compras.
De acordo com a coordenadora da Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan), Patrícia Gentil, esse tipo de ação é inovadora por qualificar a alimentação dos alunos do município. “A escola é um espaço de promover hábitos mais saudáveis. A lei, ao mesmo tempo, favorece a agricultura familiar da região ao abrir um mercado institucional para a produção.”
“Quando se tem uma legislação, a gente passa a ter o alicerce de uma política de estado. O prefeito poderá sair que o novo postulante ou quem estiver no cargo terá de cumprir. Essa legislação municipal dialoga estreitamente com a legislação federal”, afirmou a diretora do Departamento de Alimentação Escolar da Prefeitura de São Paulo, Erika Fischer.


FONTE: Portal Brasil

PROFESSOR ESCLARECE AS CARACTERÍSTICAS DO EUCALIPTO TRANSGÊNICO

No dia 5 de março, cerca de mil mulheres militantes do MST ocuparam um centro de pesquisa da empresa Futuragene, em Itapetininga (SP), destruindo um importante banco genético. Um trabalho de nove anos e todo o investimento acabou sendo perdido, em protesto contra o cultivo de eucaliptos transgênicos no Brasil. Ao mesmo tempo, em Brasília, aproximadamente 200 pessoas invadiram a reunião da CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança), da qual Hilton Thadeu Zarate Couto, professor do Departamento de Ciências Florestais, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ) é membro.
            No encontro, discutia-se a liberação do eucalipto transgênico desenvolvido pela Futuragene, processo do qual Hilton Thadeu é relator. “A CTNBio é uma comissão composta de 27 membros, pesquisadores de várias instituições do Brasil, representantes da sociedade civil e ministérios. As reuniões têm como objetivo avaliar os processos de produção de material transgênico e, após a liberação, a Comissão estabelece normas de acompanhamento”, explica Couto.
Segundo o docente, a questão do eucalipto transgênico, que tem sido criticada, principalmente por organizações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e merece alguns esclarecimentos. “A empresa terá que fornecer informações do que está acontecendo com esse material e onde ele está sendo plantado, até a liberação total. O material e o ambiente de plantio serão também monitorados por cerca de cinco anos e, durante esse período, a sugestão da CTNBio é que não se plante mais do que 2 ou 3% da área de efetivo plantio da empresa para termos a certeza de que ele não trará nenhum problema ao ambiente”, complementa.
Em relação à falta de água, que é apontada como consequência da plantação deste eucalipto, o professor da ESALQ afirma que, ao contrário do que as pessoas dizem, ele não some com a água. “Em seu ciclo, ele faz com que a água vá para a atmosfera e, com as chuvas, para os rios, abastecendo os mananciais. A crise hídrica não é, com certeza, resultado do plantio de eucalipto”.
Outro ponto refutado pelo professor Hilton Thadeu é o argumento do fluxo gênico. “As organizações contrárias afirmam, de forma incorreta, que o pólen do eucalipto transgênico pode percorrer longas distâncias e contaminar outros eucaliptos. No entanto, estudos comprovaram que, a partir de 600 m de distância, não existe mais possibilidade de transmissão. Além disso, ocorre que hoje, no Brasil, 99% dos plantios não são por semente. Não se colhe a semente para plantar eucalipto. Plantamos clones, ou seja, materiais que não são oriundos de sementes, mas sim de propagação vegetativa. Então não justificaria esse argumento de que vamos usar a semente do eucalipto que pode estar contaminada com o pólen transgênico”, reforça. “Se quisermos que não haja contaminação, basta não plantar o transgênico a menos de 600 m dos eucaliptos não transgênicos”.
Thadeu contou que há também a opinião de que a proteína contida no eucalipto transgênico pode causar efeitos maléficos ao organismo humano e explicou a situação. “Existem duas proteínas na produção do transgênico, a Cel1, que tem por função alongar a parede celular, aumentando o crescimento das plantas, mas que realiza sua função e desaparece, e a NPT II, que caracteriza a planta como transgênica, permanece na planta e é muito conhecida por aparecer no algodão, no milho e na soja, por exemplo. Há um estudo (FUCHS et al, de 1993) que avaliou essa proteína e mostra que ela é rapidamente degradada quando entra no trato digestivo de mamíferos, como os humanos. E a agência de proteção ambiental e o ministério de agricultura dos EUA consideram a NPTII segura para consumo humano. Além disso, é encontrada em quantidades muito pequenas”, explicou.
A presença da proteína NPTII é apontada pelos grupos que combatem o eucalipto transgênico como contaminante do mel, fazendo com que o Brasil perca competitividade na exportação e produção do produto. De acordo com o profissional, a quantidade de material transgênico no mel depende da quantidade de pólen que ele tem, porque é o único elemento que pode conter material transgênico, trazido com o néctar pelas abelhas. “Mas a exigência da exportação é que o mel seja filtrado para retirar as impurezas, como pernas de abelha, resíduos de própolis e uma série de contaminantes. Ao filtrar, o pólen e o material transgênico são retirados ou se deixa uma quantidade muito pequena, como por exemplo, de 3,9 nanogramas por grama de mel.” Em relação ao mel orgânico, que também poderia ser afetado, Thadeu afirmou que existe um instituto denominado Instituto Biodinâmico, localizado em Botucatu (SP), que permite até 5% de material não-orgânico no mel orgânico. “Mas, ainda assim, o NPTII se degrada no trato intestinal, não causando danos ao organismo humano”.
Além disso, o Conselho de Manejo Florestal (FSC), que certifica plantações florestais no mundo todo, ainda não aprovou a certificação de material transgênico no Brasil, e esse é um dos motivos que faz com que os manifestantes refutem a liberação do plantio e comercialização do eucalipto transgênico. “A maioria dos membros desse órgão é de pessoas oriundas de países que tem uma economia dependente da produção florestal e que competem com o Brasil, que tem como produtividade média 40m3/ha/ano nas plantações de eucaliptos. Além disso, o órgão é financiado por doações as quais não são declaradas as fontes. Pode ser que receba de organismos que protegem suas produções florestais, dessas regiões que dependem muito disso e que tem produtividade inferior à nossa. Agora, sem nenhuma justificativa, são contra o plantio de material transgênico. Acredito que seja porque é um outro patamar para o desenvolvimento florestal brasileiro, que tem agora o primeiro eucalipto transgênico do mundo”.
Segundo o professor, a certificação é importante, pois abre mercados internacionais e dá mais reconhecimento ao produto exportado, mas não é uma preocupação latente no momento. “O selo de certificação é exigido apenas por alguns nichos específicos de mercado, como a Alemanha. Mas a empresa não vai produzir 100% de transgênico já, e sim 2 ou 3%. É um processo lento e ainda não há produção, só plantios experimentais”.
A CTNBio dará continuidade a suas ações, com o apoio do Ministério de Ciência e Tecnologia. Se acontecer, a liberação plantios comerciais do eucalipto transgênico será apenas para a empresa, que produziu o primeiro transgênico de eucalipto e está desenvolvendo-a desde 2006. Se outra empresa desenvolver novos transgênicos, outro processo será aberto.

FONTE: Alessandra Postali e Caio Albuquerque – ESALQ/USP

PESQUISADOR DA EMBRAPA COMENTA SOBRE POTENCIAL DOS SOLOS DO BRASIL

DILMA ROUSSEFF SANCIONA LEI DOS CAMINHONEIROS, SEM VETOS

 A presidenta Dilma Rousseff sancionou no dia 02 de março de 2015, sem vetos, a nova Lei dos Caminhoneiros, informou a Secretaria-Geral da Presidência da República. A sanção integral da lei significa cumprimento de uma das principais propostas do acordo negociado pelo governo no dia 25 de fevereiro, para destravar o impasse entre representantes dos empresários e dos motoristas, que bloqueavam as estradas do País.
O texto organiza a atividade dos motoristas profissionais ao definir jornada de trabalho, formação, seguro por acidente, atendimento de saúde e tempo de descanso e repouso. A sanção integral da lei era uma demanda do setor.
Segundo a Secretaria-Geral, o governo também tomará, a partir desta segunda-feira, as medidas necessárias para permitir a prorrogação por 12 meses das parcelas de financiamentos de caminhões adquiridos por caminhoneiros autônomos e microempresários, por meio dos programas Pro-Caminhoneiro e Finame, do BNDES.

Novas regras

Um dos destaques da nova regra é o pedágio gratuito por eixo suspenso para caminhões vazios. A lei também define o perdão das multas por excesso de peso dos caminhões recebidas nos últimos dois anos e muda a responsabilidade sobre o prejuízo.
A partir de agora, os embarcadores da carga, ou seja, os contratantes do frete serão responsabilizados pelo excesso de peso e transbordamento de carga. A lei garante também a ampliação de pontos de parada para caminhoneiros.
“A sanção integral da lei é um desdobramento dos compromissos assumidos pelo governo federal na última quarta-feira, 25 de fevereiro, com representantes de caminhoneiros e foi efetivada diante da tendência de normalidade nas rodovias do País”, informou a Secretaria-Geral.


FONTE: Blog do Planalto

Os solos que cultivamos

          A Fundação da Organização das Nações Unidas para Alimentação (FAO) atribui uma temática anual para reflexão e debate mundial acerca de determinados assuntos de importância global. Portanto, o ano de 2015 foi rotulado por essa instituição como o “Ano Internacional dos Solos” e o lema é “Solos saudáveis para uma agricultura saudável”. Para conhecer mais sobre essa temática, as propostas da FAO, os eventos que serão realizados sobre esse assunto pelo mundo e obter outras informações, acesse www.brasilagricola.com.
            O ano passado foi considerado o “Ano Internacional da Agricultura Familiar”. Acredito que esses dois assuntos tornaram-se bastante integrados, principalmente pela oportunidade de serem tratados de maneira consecutiva pelas comunidades científicas e acadêmicas. A importância dos solos deve ser discutida em todos os modelos agrícolas, seja na agricultura empresarial de larga escala ou pela agricultura familiar. Em vídeo publicado na rede, pela Global Soil Partnership - Organização das Nações Unidas, em comemoração ao Dia Mundial do Solo, celebrado em 05 de dezembro de 2014 são apresentados alguns dados interessantes. O solo hospeda um quarto da biodiversidade do planeta; 2 hectares de solo são impermeabilizados pelo crescimento urbano, a cada minuto, em nível mundial; práticas agrícolas inadequadas, desmatamento, poluição e superpastoreio deixam o solo descoberto, contaminado e degradado.
            O referido vídeo nos convida a refletir e debater sobre o assunto, destacando ao final que 2015 seria um ano dedicado aos solos. Pense em toda a biodiversidade que existe no planeta, quantas espécies de microrganismos, animais e vegetais existem na natureza? Além do mais, quantas espécies que sequer conhecemos? Imagine que o solo é habitat de 25 % de toda a diversidade biológica do planeta terra, é a casa de milhões de microrganismos das mais variadas espécies, abriga seres como minhocas, formigas, cupins, larvas de diversos tipos de insetos, aranhas, répteis, líquens, musgos, espécies vegetais rasteiras, arbóreas, de grande porte, etc. Ao pensarmos desse modo, podemos caracterizar o solo como um corpo vivo, até porque um dos fatores ligados ao intemperismo e gênese dos solos é a atividade biológica.
            O crescimento populacional tem pressionado nossos solos, não só pela demanda da produção de alimentos que deve se elevar a longo prazo, mas também devido a expansão dos centros urbanos, como vimos anteriormente. Enquanto você lê essa frase, cerca de 1333 m² foram impermeabilizados no mundo, devido ao crescimento dos centros urbanos. Imagine quantos solos produtivos estão debaixo do asfalto de grandes cidades como Belo Horizonte e São Paulo? A degradação e a poluição acontece debaixo das nossas narinas e nós preferimos simplesmente ignorar o que acontece nas cidades e culpar os produtores rurais por todas as catástrofes e mazelas ambientais. Então eu te questiono: o que dizer dos nossos aterros sanitários ou famosos “lixões” espalhados pelo país? Para onde vai os esgotos domésticos e resíduos industriais que são produzidos em nossas cidades? Será que estão sendo todos tratados adequadamente? Onde estão as áreas verdes de preservação ambiental de nossas cidades?
            O Brasil apresenta pouco mais de 50 % de seu território coberto pelos Latossolos, que é uma classe de solos muito intemperizados, com perfil profundo, boa drenagem, distribuição adequada de macro e microporos, agregados estáveis e pobre em nutrientes. Esse tipo de solo, com uma correção adequada de fertilidade, é considerado um dos solos mais produtivos, além de ser ideal para o cultivo de plantas perenes que demandem um desenvolvimento radicular em profundidade para atingir as máximas produtividades, como no caso do cafeeiro, citros, espécies florestais nativas e exóticas, entre outras. Grande parte da nossa produção de grãos (milho, soja, feijão e trigo) e biocombustível (cana-de-açúcar, girassol e mamona) também está distribuída sobre esse tipo de solo. Em contrapartida, existem solos considerados “jovens” que são muito rasos, podem apresentar pedregosidade, afloramentos de rocha, baixa permeabilidade, pouca atividade biológica e baixa fertilidade. Nesse tipo de solo, a agricultura é limitada em razão das suas características, principalmente físicas. No entanto, o que devemos levar em consideração é que não existe solo improdutivo ou inútil para a agricultura, é preciso avaliar adequadamente a aptidão de cada tipo de solo.
            Além disso, nossos solos funcionam como importantes reservatórios de água. Em tempos de escassez de chuvas, como o que estamos vivendo atualmente, a conservação dos solos agrícolas torna-se ainda mais relevante para a preservação dos recursos hídricos. A constante busca pela sustentabilidade não poderá ser alcançada se não cuidarmos adequadamente do bem mais precioso que temos na agricultura: os diferentes tipos de solos que existem no mundo. Cada qual tem a sua particularidade, seus limites e potenciais. Cabe a nós, saber utilizar esse recurso natural racionalmente.
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